Desde puto que me sentia relativamente preocupado com o facto do
Mainstream relativo à obtenção do sucesso financeiro e social, implicaria a aquisição de um diploma universitário ou profissionalizante...de um papel que diria que eu era bom numa ou outra actividade, e que seria essa actividade que eu deveria exercer para o resto da minha vida profissional.
Ora, esse puto, cuja mente fervilhava com uma atitude revolucionária, própria da idade, considerava essa ideia extremamente redutora. Aliás, ainda considero, porque, apesar dos anos que passaram, a mente continua a fervilhar...
Porque razão não poderia ser bom em várias coisas? Porque razão teria de perder o meu tempo a garantir um diploma que apenas serviria para me absorver num único vector de conhecimento?...
E, seria válido e inteligente que a forma de nos reconhecerem e certificarem competências fosse através dum papel, sendo ainda por cima atribuído por outros indivíduos cujas competências reais são, muitas vezes, duvidosas?... bem, menos mal, no mundo bovino é por uma queimadura no rabo...
...Bom...
Parece-me, de uma forma generalizada, que a especialização acaba por ser uma faca de dois gumes. Quem nunca esteve perante o conflito interior de achar que nunca deveria ter enveredado pelo curso que escolheu, ou pela profissão que exerce?...um conflito perfeitamente normal se colocarmos o curso e a profissão em primeiro lugar, como sendo o objectivo principal da nossa existência, e não os considerarmos como deveriam ser considerados: - apenas uma parte da nossa vida que nos permite viver em relativo luxo, comparativamente à média da população mundial... isto se não gostarmos mesmo do que fazemos, o que me parece coisa cada vez mais rara...
Ao especializarmo-nos neste ou naquele tema, temos tendência a desprezar os restantes, quer por falta do tempo que nos é exigido ao realizarmos as tarefas da própria especialização, quer pelo sentimento corporativista inato, que provêm dos instintos primários de grupo e que nos fecha a mente a ideias diferentes, mas muitas vezes demasiado importantes para serem desprezadas.
Ora a consequência directa da focalização numa única disciplina, é a dificuldade de adaptabilidade a novas e diferentes circunstâncias, sendo quanto mais difícil quanto mais especializado for o indivíduo.
Se seguirmos a premissa de que todas as estruturas e sistemas se organizam a partir de uma mesma forma de base, podemos extrapolar para a realidade humana as consequências que um qualquer animal especializado enfrenta perante a reorganização e/ou destruição do sistema para o qual foi ‘desenhado’, e perante a amplificação da competitividade que surge quando a população de indivíduos em competição directa, aumenta.
Poderia dar imensos exemplos, mas existem dois ou três que me ocorrem de momento:
A Chita. Este felino encontra-se em via de extinção por causa, em grande parte, da incrível especialização em velocidade, e por terem sido desprezados factores de competitividade directa com outros animais de topo de cadeia alimentar, na sua evolução natural.
Estes animais atingem velocidades explosivas de até 120 Km/h, o que para caçar é decisivo, apesar do enorme dispêndio energético desta característica.
No seu processo evolutivo utilizou a velocidade como factor preponderante na caça e logo, na sua sobrevivência. No entanto, com a diminuição de habitats e de variedade de presas encontra-se agora a competir directamente com animais de topo da cadeia alimentar, uns de maior porte (leões) e outros que utilizam o grupo como factor de ‘força’ (hienas), sendo frequentemente observável o roubo de presas e mesmo a morte de chitas quando em confronto directo com essas espécies.
Como todos sabemos o Panda alimenta-se quase exclusivamente de bambus e, dentro destas plantas, apenas de alguns géneros. A redução dos seus habitats com a consequente destruição de florestas de bambus, empurra estes animais para a beira da extinção.
Outro exemplo refere-se à observação de um declínio acentuado nas populações de anfíbios, nomeadamente, dos encontrados nas áreas entre os trópicos. O