quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A relatividade do Tempo....

Um pouco em sequência do tema do anterior post...

... na 3ª feira passada, por acaso, e em forma de ‘canção de embalar’, pus-me a fazer um zapping pela televisão quando de repente apareceu um programa que me prendeu a atenção.

Fala, em cada episódio, sobre a condição sociológica e de desenvolvimento actual de cada um dos países da Europa. Não sei o nome de tal programa, mas é um documentário inglês, dá a altas horas da noite e penso que passa na RTP2, se não me engano... já o tinha apanhado noutra altura e também aí me tinha chamado à atenção...

...como fiquei a matutar acabei agora mesmo de investigar e verifiquei que o dito documentário chama-se “A Nova Europa de Michael Palin” e passa mesmo na RTP2 por volta da 1 da matina às 2ª e 3ª feiras... tinha que ser na RTP2... talvez o melhor canal de televisão português.

Ora bem... ontem o país de ‘estudo’ era a Alemanha. E o que me prendeu à atenção foi a conversa que o Sr. Michael Palin estava a ter com um cidadão alemão de 21 anos...

Melhor, o que me prendeu a atenção foi o que esse rapaz alemão dizia...

Quando questionado sobre a ‘Nova Alemanha’ pós muro de Berlim, este indivíduo afirmava que ouvia os pais dizerem que nessa altura as coisas eram muito más. Ora esse rapaz vive onde outrora existia a RDA, a Alemanha de Leste ou Oriental conforme as diversas designações utilizadas...

Mas, no meio disso tudo, o que me fez realmente clic foi a expressão “[...] ouço os meus pais dizerem que nessa altura [...]”

O muro caiu há 20 anos? Sim, em 1989. Ora isso para mim foi ‘ontem’... tenho 38 anos, e a verdade é que naquele preciso momento em que o miúdo dizia aquilo apercebi-me de uma forma completamente realista da relatividade do tempo.

Se para mim um acontecimento tão ‘recente’ está ‘impresso’ de uma forma completamente legível na minha memória, lembrando-me até de estar a assistir em directo, ou quase, sempre na expectativa de a qualquer momento as tropas avançarem para acabar com aquilo, para aquele ‘miúdo’ alemão esse evento é algo que ocorreu há imenso tempo atrás...

A bom da verdade, lembro-me também de em 1989 pensar que o muro de Berlim era algo de antigo, algo reminiscente da 2ª guerra mundial, algo produzido no inicio da ‘Guerra Fria’, quando na realidade fazia em Agosto desse ano apenas 28 anos de existência... eu tinha 18 anos na altura... e nessa altura era eu o miúdo…

A verdade é que a idade não só nos traz a dita ‘experiência’ de vida, mas, essencialmente, apura-nos a noção do tempo… se com 20 anos de idade, 10 anos são uma eternidade, com 30 anos esses 10 são insignificantes, da mesma forma que com 40 anos de idade, 20 anos acabam por estar ao mesmo nivel…

Talvez por isso é que continuo a insitir que o meu carro com 21 anos ainda me parece muito actual, enquanto para os meus sobrinhos, é uma lata velha... para os meus sobrinhos e não só, para ser honesto...

Bom...

Mas é exactamente por existirem noções muito diferentes de tempo ao longo da vida que se torna compreensivel a insignificância da nossa existência.

Se vivesse mil anos teria uma percepção de tempo muito mais abrangente, e 100 anos seriam como 10 para qualquer outra pessoa…

A relatividade de Einstein existe, é observável não só analiticamente através da existência dos relógios atómicos nos nossos satélites em órbita, como também é observável empiricamente através das diversas noções de tempo que vamos tendo ao longo das nossas curtas vidas…

Face a isto, parece lógico que as novas correntes de pensamento comecem a considerar o tempo, tal como é percepcionado sociologicamente, como uma dimensão inexistente, não sendo passível de ser considerado nas ciências modernas…

...o tempo é na verdade, um conjunto de inúmeros vectores de causa-efeito, não sendo possível o vector efeito-causa, o vector negativo…o regresso ao passado. O tempo é causa-efeito, e não algo que se desloca numa linha estável e mensurável… os segundos, minutos e horas, existem para criar uma normalização pela qual nos possamos orientar…é uma invenção Humana que ‘faz parte’ da geometria Euclidiana, e não da geometria quântica ou do Caos…

Concluindo...para não me enterrar mais em considerações de onde depois não sei sair...

Definitivamente, chegado a esta altura, sei que me devo guiar essencialmente por impulsos e muito menos pela razão, como antes o fazia… a racionalização e a problematização dos diversos paths que nos vão surgindo ao longo da vida, é pura ‘perca de tempo’. Enquanto tentamos perceber racionalmente qual o melhor percurso a seguir, passam-se dias, semanas, meses e muitas vezes anos, não recuperáveis.

Parece-me bem mais racional seguir os impulsos e os desejos que nos surgem ao longo da vida, desde que, após uma muito rápida avaliação ‘racional’, a curto médio prazo não sejam passíveis de nos colocar em situação desfavorável. E ainda que isso aconteça, no momento seguinte, poderemos sempre imaginar, pensar e agir em função do impulso seguinte que tende para a resolução do problema, equilibrando a situação.

Fazendo parte de um sistema ambiental que integra inúmeras variáveis de causa-efeito sobre as quais não temos qualquer tipo de influência, a capacidade de controlo sobre a nossa própria vida resume-se a escalas muito pequenas.

Compreendendo isto, a tentativa de perceber e tentar planear a médio longo prazo as nossas acções, não merece mais do que uns dias de cogitação, inseridos que estamos num mundo cada vez mais mutável sobre todos os níveis, Humanos ou não, …

Esta tem sido a minha filosofia de vida de há um par de anos para cá, totalmente oposta à que seguia anteriormente, e posso afirmar que me sinto mais perto de atingir um ideal de vida, equilibrada e sem conflitos internos.

Chegado a esta idade, considerada por muitos perto da ‘meia-idade’, aquela que fica na linha temporal aproximadamente a meio entre o nascimento e a morte de um individuo, torna-se evidente que, perante a relativização do tempo que fazemos, os 38 anos estão, na verdade, muito, mas muito mais perto do final do que do inicio da vida de qualquer um de nós.

Apesar dessa compreensão, que pode ser por muitos considerada um pouco deprimente, deparo-me exactamente com um sentimento oposto... que esta idade está também muito mais perto do periodo de vida em que qualquer um de nós poderá atingir um certo ‘Nirvana pessoal’, e isso é verdadeiramente fantástico.


sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Datas... para isto e para aquilo....

Eu sou por definição uma pessoa que se esquece compulsivamente de datas... aniversários, eventos, acontecimentos históricos... bom... tudo que tenha um dia, um mês e um ano, tende a dissipar-se...

Teorizo que existe tanta informação geral útil passível de ser retida na memória de médio e longo prazo que, qualquer outra informação especifica, como datas ou números de telefones, só ocuparão espaço essencial nessa memória, sendo desprezíveis.


Claro que existem pessoas (e alguns mentecaptos!) cujo interesse em adquirir conhecimentos é tão diminuto que nos conseguem surpreender com as suas faculdades em memorizar números... ok, esqueçam este último pensamento... para não variar, exagero, com base em alguns casos que conheço.

Claro que a memorização de números está associada a algumas tipologias mentais e não necessariamente à falta de vontade de adquirir conhecimentos...

Lembro-me do meu tempo de estudante do secundário, quando ia para os testes de História, sabia logo à partida que iria perder pontos se saíssem datas históricas para comprovar os meus conhecimentos... (nunca percebi como a memorização de datas pode comprovar o nível de conhecimentos de um individuo).

Curiosamente nunca tive nenhuma negativa a História...

Confesso também, que já houveram anos (1 ou 2) que me lembrei que estava a fazer anos no próprio dia de aniversário, e uma das vezes nem me lembrei, lembraram-me. Devem pensar que sou um caso raro...enganam-se. Existem inúmeras pessoas que não ligam a datas de aniversário, aliás são tantas que até me admiro!! No trabalho que realizo para um Instituto do Estado, contacto frequentemente com pessoas ditas “rurais”, que nem sabem a própria idade quanto mais o dia de nascimento... lá está, preocupam-se com outras coisas necessárias à sua sobrevivência...

A verdade é que a comemoração de datas individuais, como o aniversário, só começa a surgir com libertação de espaço de memória de médio/longo prazo, que anteriormente era preenchido com questões verdadeiramente essenciais, ditas de sobrevivência. Este conceito aplica-se ao indivíduo massificado a partir mais ao menos da Revolução Industrial, e às datas de eventos históricos a partir do início da própria história, quando, de nómadas recolectores, passamos a fixarmo-nos em aglomerados populacionais estáveis. É nessa altura que as datas históricas, por facilidade de armazenamento de informação social, começam a marcar ‘a história’ de civilizações.

Outras datas fazem, no entanto, parte da humanidade desde sempre, acompanhando, não só a sua evolução enquanto espécie, como também toda a sua evolução filogenética anterior. São as datas que se reconhecem não por segundo, minutos, horas, ou dias, mas por acontecimentos cíclicos ambientais que estão intimamente associados aos ciclos biológicos... falo da rotação e translação do planeta e da Lua, que nos forneceram o relógio biológico de que todos os animais e plantas são possuidores. Esses ciclos determinam a noite e o dia, os solstícios e respectivas estações do ano, bem como as marés e os meses...

E desde que o Homem é homem e mulher, que teve a necessidade de memorizar a médio longo prazo essas datas ambientais... agora, eventos históricos e aniversários... hummm não me parece, muito menos números de telefone ou da Segurança Social...

Bom...

Mas como vivo num mundo moderno, - cheio de modernices, portanto -, com o tempo e com a “socialização”, - essencialmente com o sexo feminino, sublinho - tomei consciência que as datas eram uma coisa mesmo muito importante...vá-se-lá saber o porquê disso.

Como tal, e depois de ser constantemente ‘lembrado’, acabei por fixar na memória de médio longo prazo algumas datas e números.

Apetecia-me listar essas datas e números de telefones por aqui abaixo, em forma de auxiliar de memória, obtendo assim mais espaço de memória para coisas mais interessantes, mas provavelmente iria contar com alguns processos cíveis em cima...

Como tal, apenas refiro que este post surge porque já a partir do inicio do mês de Setembro começarão a saltitar no meu cérebro algumas das datas que ficaram, e provavelmente ficarão em memória para o resto da minha vidinha, tanto pela sua importância, como pela constante ‘impressão’ que tiveram na minha memória ao longo de alguns anos...

Algumas delas talvez já deveriam ter sido recalcadas, mas, e por definição Freudiana, o recalcamento é um processo de defesa inconsciente das más memórias, o que me deixa concluir que todas as que subsistem são provenientes de boas memórias... presumo.

... e assim é... datas e números...

Existem outros momentos, não definidos por um dia ou hora específicos, que nos marcam... muitas vezes esses momentos ocorrem na nossa infância. E todo aquele rapaz que viveu essa fase da sua vida em comunhão de quarto com um irmão mais velho, como foi o meu caso, acaba por ter momentos que ficam registados de uma forma muito vincada na sua memória...

...claro que anos mais tarde, percebemos que certas e determinadas coisas, não são os monstros que julgavamos ser... de tal forma que até as acabamos por procurar com insistência....

E com esta reflexão própria de um gajo, vos deixo até um novo post, que, esperemos, seja um pouco mais racional do que este...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Kayak, copos e Stock Cars à Portuguesa...maluqueira total

Este último fim de semana foi algo peculiar, pois talvez tenha sido o fim de semana de Agosto mais completo e preenchido que tive... com a excepção dos passados na Suíça.

No sábado, decidi fazer algo de diferente, pois como devem ter lido nos posts anteriores, andava com vontade de atirar o trabalho para uma fossa séptica e ir divertir-me com os hobbies de Verão alternativos à praia... e foi isso mesmo que fiz! Trabalho para a m#$%a, e como o João Nuno andou toda a semana a ‘picar-me’ para descer o rio Vouga, logo pela manhã peguei no Kayak e lá fomos nós descer esse rio... algo que já há algum tempo andava para fazer.

Foi porreiro, não fosse a escassa água que nos encalhava frequentemente nas diversas pedras...

... e o facto de ter de ser aqui o escravo a remar, pois havia alguém que simplesmente apreciava a paisagem e dizia: -“Pareço mesmo o Bear Grylls o ultimate survivor...um gajo aqui a fazer um esforço imenso para sobreviver no meio desta natureza toda!” .... e o escravo a remar lá atrás...
Depois, à noite, mais uma reunião de copos e convívio, que o JN já se habituou a marcar, tal como refere no seu último post do seu blog... leiam aqui.

Dessa reunião adveio o sucedido no Domingo, cujos intervenientes foram praticamente os mesmos, e que me levaram a assistir a uma das coisas mais divertidas que vi nos últimos tempos: Uma corrida de Stock Cars, em Mira.

Não, não são os Stock Cars americanos da NASCAR, que chegam a atingir velocidades de 350 Km/h....

Esta é uma ideia importada de França e tem mais a ver com o jogo de video: Demolition Racer

A ideia é simples: - Vamos à sucata (ou não) arranjar o carro mais barato possível, mesmo que esteja todo amassado. O que interessa é que ande.

Pegamos na "sucata" e inscrevemo-nos na corrida.

Regras? Poucas. Do que pude apurar são as seguintes:

O carro:
- Retirar tudo que possa se soltar e magoar o condutor numa colisão, vidros, espelhos retrovisores e faróis incluídos,
- Colocar uma roll cage de protecção para caso haja capotamento (quase certo) o carro não amasse o condutor, e esta é talvez a questão técnica mais difícil de realizar.
- Só participam carros até 1600 CC de cilindrada, com peças de origem, com especificações de origem, ou que não melhorem significamente as prestações, tudo comprovado por livrete e vistoria,
- A porta do condutor tem de ser pintada de cor diferente e estar reforçada por uma barra transversal.

Na corrida:

- A partida é dada em grelha, existindo fiscais de corrida pela pista com 2 bandeiras: verde e vermelha. Verde para avançar, vermelha para parar imediatamente. A vermelha só é levantada quando algum piloto pretenda abandonar o carro. Nesse caso todos os carros devem-se imobilizar imediatamente no local onde estão, até sinal de bandeira verde.

- De resto vale tudo até ao final das corridas, com a excepção do embate propositado na porta colorida do condutor.

Apesar da loucura, as simples regras tornam a segurança quase tão elevada ou mesmo maior à existente numa estrada normal. A própria pista é de tamanho diminuto não sendo possível atingir velocidades elevadas. O objectivo da corrida é chegar ao fim, nem que para isso tiremos à força o carro da frente.
Para ficarem com uma ideia vejam as filmagens de uma das corridas do ano passado no mesmo local, que, para não variar, encontrei no youtube....


sexta-feira, 14 de agosto de 2009

DISTRICT 9

O meu último post fazia referência a um short movie de Neill Blomkamp, que agora Peter Jackson transporta para longa-metragem:
District 9 ... D-9
Aproveitando a sua estreia mundial, hoje, dia 14 de Agosto, vou dissertar um pouco sobre a envolvênvia deste filme e de outros deste género.

Quem me conhece sabe que sou fã incondicional de ficção científica, mas só daquela que nos faz puxar pela cabeça e que contém precisões quer sociológicas, quer técnicas, quer biológicas. Não gosto de Flash Gordons ou homezinhos verdes... isso era quando era puto e curtia o Kit, ou Homem da Atlântida... fantasias puras, sem nenhuma base coerente científica e/ou social.

Mas, como é evidente e por definição, a qualquer tema de ficção científica estará associada a “ficção”... o não real.

Contudo, e também por definição, o Ser Humano é “sonhador”. E é a partir das proposições desses sonhos que atinge os seus objectivos tecnológicos. Aliás, existe um ditado que refere mais ao menos o seguinte:

“- Se a tecnologia o permite, o Homem irá o conseguir”.

E qual será uma das maneiras mais eficazes de imaginar novas tecnologias? Através da Ficção Científica.

Diria que quase todos os grandes cientistas têm como preferência este género literário. E são também inúmeros os cientistas e investigadores que se dedicam a este género de escrita.

Dou-vos 2 exemplos: Arthur C. Clark e Carl Sagan, com as suas obras 2001 A Space Odyssey e Contact, respectivamente. (em filmes, o 1º de Stanley Kubrick e o 2º de Robert Zemeckis).

Ambas as obras retratam não só utopias técnicas, mas também sociais.

E é isso que a (verdadeira) ficção científica tem de extraordinário. Reúne dois temas que acabam por ser indissociáveis criando as mais variadas teses sobre a condição humana e os possíveis caminhos que o Homem pode trilhar num qualquer futuro, e numa qualquer realidade alternativa.

Um dos casos mais extraordinários, é a da série televisiva Star Trek, que originou variações para outras séries sobre a mesma “realidade social”, proporcionando visões sobre vários grupos da mesma sociedade em diversas alturas temporais.

O que esta série tem de extraordinário, é a visão social de uma civilização humana que progrediu num sentido de exploração, em que o fundamento e objectivo primordial é o conhecimento. Uma civilização sem economia de escala, sem dinheiro, e em que a coexistência pacífica entre diversas raças é o mote e também a procura.

As questões técnicas são meramente cénicas. A tecnologia é uma situação adquirida, sendo a sociologia e as interacções sociais os temas maioritariamente abordados, criando-se analogias, alegorias e as inevitáveis críticas à sociedade ‘real’ onde vivemos.

As novas tecnologias que nos são apresentadas, acabam por surgir da necessidade social de uma civilização desse tipo, o que vai de encontro ao ditado que referi acima.

Um dos exemplos dessa tecnologia ‘utópica’ para o nosso tempo, mas existente no mundo futuro da Star Trek, é o replicador de alimentos. A base dessa tecnologia de sonho, está na descoberta do teletransporte... ao sermos capazes de dissolver uma estrutura atómica num local e voltarmos a reconstrui-la noutro local, exactamente como seria inicialmente, permitiria a ‘construção’, a partir de elementos atómicos básicos, de todo e qualquer tipo de alimento. Isso seria extraordinário e acabaria com inumeros problemas sociais e ambientais.

Na mesma ordem de ideias, seria possível eliminar qualquer tipo de enfermidade, ‘filtrando’ o nosso corpo por um teletransporte.

Seria o Santo Graal da tecnologia, que, a ser possível, estará a centenas de anos de distância. Mas é pelo sonho e pelas características fantásticas de uma tecnologia assim, que já existem experiências nesse sentido. Já foi possível ‘teletransportar’ luz...

Existem inúmeros destes exemplos, e nomes de tecnologias existentes na Star Trek, acabam por ser dados a tecnologias já reais, como é o caso da propulsão iónica.

Mas então e o District 9?

Bom, é mais um filme cheio de efeitos especiais incríveis, que retrata e critica a nossa sociedade, quando colocada perante um grupo de indivíduos diferentes. A ostracização desses indivíduos, e a forma como a diferença é tratada com agressividade, será o silogismo central da história. Sim, são extraterrestres com uma aparência horripilante, mas as suas motivações quais são? As motivações acabam por ser um aspecto secundário quando existe um grupo diferente do nosso. Talvez por isso a escolha da África do Sul, como cenário para esta longa metragem, o que vêm totalmente a propósito, face à sua história recente.

Vai certamente ser mais um bom filme ‘social’ onde poderemos ver e analisar os comportamentos dos opressores e dos oprimidos, e espelharmos esses mesmos comportamentos na sociedade Humana em que vivemos, muitas vezes reconhecendo-nos a nós próprios.

Não irei, garantidamente, faltar a este prometedor filme que tem a sua estreia marcada em Portugal para 24 de Setembro.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Verão...

Estamos em pleno Verão e umas pessoas trabalham, outras estão escarranchadas na praia, porque têm sangue frio e têm de levar com radiação solar, como se de uma qualquer lagartixa se tratassem... outras, por seu lado, fazem actividades de Verão que nada têm a ver com praia... parapente, caminhadas de montanha, BTT, blá, blá, blá.... bom.... inúmeras actividades diferentes do ócio de estar numa toalha de praia a esturricar como se estivessem num forno micro-ondas.

Apetecia-me escrever alguma coisa neste blog, mas não sei bem o quê... na verdade, apetecia-me era estar a fazer apneia em Cala Futadera em Tossa de Mar, ou em outro qualquer lugar de águas límpidas e quentes... que saudades tenho de usar as minhas barbatanas...

Curtia estar a mandar umas remadas rio abaixo em kayak...ou a curtir um mato em Vagos na minha bike... enfim... olho lá para fora (estou no work) e apetece-me bazar daqui e ir curtir o tempo fantástico que está... mas não, não posso, tenho trabalho para fazer... salvo seja... neste momento estou a escrever esta coisa desconexa... e até saio às 17h30... mas tenho o 2º work a minha espera até às 20h30 pelo menos... seca...

Bom, como estou mesmo a ver que este ano vai ser um Verão com poucas oportunidades de fazer qualquer uma dessas coisas... vou falar sobre o quê então? Ah!! Já sei... não vou falar, vou mostrar algo que irá pôr muita gente de cabelos em pé!!

Vejam o video...


...ficção e realidade misturam-se este Verão...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Switzerland...the beauty and the monster















Acabo de chegar de (mais) uma viagem de carro pela Europa… como nos bons velhos tempos.

Desta vez, e tal como a imagem de apoio sugere, visitei pela 2ª vez a Suíça… se da primeira vez circulei pela zona francesa essencialmente, com incursões por França, e pela zona norte alemã, bem como com uma ‘tentativa’ de esquiar numa estância Alpina, desta vez, the target area foi mesmo a zona norte, com base em Schaffhausen, uma cidadezinha por onde o rio Reno passa e deixa a sua marca numa grande queda de água designada por Rheinfall…imagem abaixo
























Neste momento, posso quase dizer que conheço a Suíça de lés a lés…quase, pelo menos geograficamente como irão lêr…claro que o País tem muito para explorar e não deixo de pensar em lá voltar um destes dias, mas com a bicla às costas, para a zona alpina e durante o verão…aquilo tem percursos fantásticos para umas rides monte à baixo!!...

Passei lá o dia 1 de Agosto, não fazendo ideia que era o dia Nacional, que é celebrado efusivamente, com fogos de artificio por todo o lado e bandeirinhas suíças em todas as janelas, simbolizando o orgulho nacionalista daquele País.
E comecei a aperceber-me que a Suíça é muito mais do que chocolates, vaquinhas, Alpes, esqui e casas todas decoradas com florzinhas.

Esse enclave no meio da Europa, que sempre se recusou a pertencer à Comunidade Europeia, mas sendo sede de muitas instituições internacionais importantes, e mantendo-se sempre neutral (mais ao menos), tem uma componente meio sinistra….

Nunca percebi muito bem a posição geopolítica da Suíça nem a sua história, uma vez que aquilo é na realidade uma confederação (ou uma amálgama!?) de pequenos cantões, sendo talvez a república mais antiga do mundo.

A origem da Suíça remonta a 1 de Agosto de 1291 quando os habitantes de
Uri, Schwyz e Unterwalden se uniram numa aliança conhecida como Bundesbrief (Carta de Aliança) na luta armada contra os Habsburgos, soberanos da Áustria.
Aquele Pais começou a crescer de leste para oeste, reunindo ducados, cidades e outros tipos de pequenas divisões geográficas e politicas da idade média.

Não vou estar aqui a descrever a história da Suíça, até porque é verdadeiramente confusa e extensa. Mas vou deixar um comentário pessoal ao que observei, ficando de certa maneira estupefacto com o que pouca gente conhece da Suíça.

Já achava curioso o facto da guarda do Vaticano ser a Guarda Suíça… não vou falar também sobre isso, mas leiam o que o link revela.

Sempre achei também que, por se manter neutral em todos os conflitos desde 1815, a Suíça tivesse uma posição não beligerante, mas estava completamente errado.

A verdade é que a Suíça sempre se manteve neutral devido aos diversos interesses políticos. Não esqueçamos que existem 4 línguas oficiais nesse País e os cantões têm interesses próprios com os países vizinhos e não só.

O interesse Suíço é histórico e é quase genético, e tem a ver, na minha opinião, com uma frase gravada numa antiga placa de madeira pregada no topo de uma porta de um celeiro existente numa aldeolazita que visitei pela primeira vez que fui aquele País…dizia mais ao menos isto:
“não emprestes nada a ninguém, sem antes teres a certeza que recebes a dobrar!”…

Acontece que nestes últimos dias percebi que a Suíça é talvez o País mais fortificado do mundo.

No edifício de apartamentos onde fiquei, talvez com uns 35/40 anos, existiam na cave várias subdivisões com portas de segurança estanques como as portas dos navios, que servem para isolar áreas no caso de inundação … achei estranho…
...mas mais estupefacto fiquei quando fomos visitar uma senhora que nos mostrou a cave do seu edifício onde existiam as tais subdivisões, mas desta vez a porta mais parecia a de um grande cofre de um banco!!!... dizia ela, que existiam túneis de interligação entre as caves, e muitos outros túneis que ninguém conhecia por onde os militares poderiam circular sem ninguém se aperceber. Aliás, essa senhora trabalhou num Hospital e esse Hospital como tanto outros, dizia, tinha uma simetria…o que se via acima da terra que era utilizado normalmente, e o que estava enterrado debaixo de terra que seria utilizado em caso de guerra ou catástrofe natural…

Achei que aquilo era mais um mito urbano que as pessoas fazem passar em forma de boatos…mas as portas enormes e estanques estavam-me a intrigar…e qual o meu espanto quando visitei um pessoal, que vivia num edifício de apartamentos mais recente, e ao falar com eles sobre isso me foram mostrar a sua cave!.... a porta estava lá, mas estava também o túnel que levava não sei a onde, bem como uma máquina de purificação de ar embalada, preparada para um eventualidade de guerra nuclear!!!!

Caíram-mos…literalmente, bem como ao colega de Gaia que estava lá também…!!!

Acontece que esse procedimento de criar bunkers e protecção anti-nuclear é uma norma de construção Suíça e surge de uma Lei dos anos 60 em que o Estado providencia protecção anti-nuclear a todo e qualquer habitante Suíço…

Mas isso é o visível. Depois de investigar um pouco pela net descobri que, segundo cálculos publicados por jornais parecem haver ainda cerca de 13 mil fortificações secretas espalhadas pelo território que têm vindo a ser desactivadas com o fim da Guerra Fria…

Parece que o sistema é tão variado que inclui desde casamatas encontradas pelos turistas nos campos e montanhas, comandos centrais em cavernas, aeroportos incrustados nos Alpes, os tais hospitais que falava a senhora acima, e estúdios de TV subterrâneos…!!!

E essas fortalezas são incrivelmente fascinantes, sendo em muitos casos camufladas como chalés de montanha, com janelas pintadas à mão, de onde saem enormes canhões, ou bunkers nas montanhas com incrustações de pedra natural imitando o contorno geográfico das montanha…enfim uma miríade de coisas estranhas e que parecem sair de um filme de ficção.

Encontrei ainda um artigo num jornal chinês, o People’s Daily, de 17 de Outubro de 2006, que fala do encerramento ao serviço do Túnel Rodoviário de Sonnenberg que liga à Itália…ao ler percebi que o dito encerramento não seria do túnel que passava despercebido aos automobilistas que se deslocavam por ai, pensando que seria mais um dos inúmeros e longos túneis Suíços, mas sim do um enorme bunker de montanha com portas estanques na suas extremidades, que serviria para albergar 20000 pessoas em caso de Guerra Nuclear!!!.... uma verdadeira cidade subterrânea tinha sido construída à volta desse túnel rodoviário com prisões, centros de controle e hospital para 350 pacientes!!!

Parece que o governo central percebeu que já não fazia sentido manter uma infra-estrutura daquelas nesta altura, pelo que reduziu a sua capacidade apenas para 2000 pessoas !?... valha-me Deus…

Bem, fiquei a saber também que muitos jornalistas consideram a Suíça como um pais mais furado que um queijo Emmental…
Enfim…

Apesar da incrível ‘maluqueira’ dos Suíços, que pensava se resumir ao cisma em controlar as velocidades nas estradas, com radares em todas as esquinas, (cheguei a demorar 1h30m para fazer 90 Km em auto-estrada!!) e na obsessão pelas regras e seu cumprimento, a Suíça não deixa de ser um país lindo!!...