terça-feira, 14 de dezembro de 2010

TERATRON - "As Cobaias"

Na minha última dissertação neste blog (aí em baixo) referi-me aos Mão Morta e a Adolfo Luxúria Canibal...

Acontece que, à data de elaboração desse post, tinha tido há muito pouco tempo conhecimento de um dos mais interessantes projectos dos últimos tempos do meio artístico urbano português... bem, esta é a minha opinião claro, pois certamente existirão inúmeros outros projectos inovadores e de grande interesse a sair por aí...

Mas para mim, e, volto a sublinhar, tendo em conta os meus gostos, a edição do segundo álbum dos Teratron –‘As Cobaias’ no passado dia 7 foi uma alegre surpresa.

Teratron é um projecto de música electrónica industrial/dança ou seja lá o nome que lhe queiram dar, (um pouco à semelhança dos Prodigy), de João Nobre e Pedro Quaresma dos agora ex- Da Weasel.

Apesar do anúncio oficial da extinção dos Da Weasel, banda que trouxe um valor acrescentado ao panorama musical português com uma qualidade de nível bem elevado, a continuidade e a herança dessa mesma qualidade não irá certamente desaparecer, em grande medida devido ao aparecimento deste novo projecto com dois dos músicos dessa ex-banda.

E desta vez juntaram-se a esse projecto Adolfo Luxúria Canibal com as suas letras (com todo o texto a ser escrito pelo próprio) e voz, e o actor Pedro Guilherme como narrador de uma história contada também por SP e New Max.

"As Cobaias" é um produto de uma geração que cresceu com a banda desenhada alternativa, com a música electrónica pesada, no fundo, com a riquíssima cultura artística urbana dos anos 80/90 do século passado, que é a fonte de uma massa populacional que hoje está no topo do espírito critico da nossa sociedade...

É a geração que nasce na década de 70, como são exemplos Conan O’Brian e Jon Stewart, com talkshows televisivos, Set MacFarlane criador do Family Guy ou ainda, e mais conhecido agora, Julian Assange criador da Wikileaks.... do sexo feminino, quem não conhece o "Sexo e a Cidade" e Sarah Jessica Parker...

"As Cobaias" trata-se apenas de uma pequena história ficcionada (não totalmente original se viram a série cancelada pela estação televisiva ABC que dava na AXN – ‘FlashForward’) suportada de base pela música electrónica dos Teratron e complementada por uma pequena banda desenhada e por uma curta metragem em 3D...

A novidade está na interligação da narrativa, música, banda desenhada e filme. É isso que é inovador, e que, juntamente com a qualidade do projecto, trás um fresh air ao universo artístico urbano nacional que já estava a precisar de abrir umas janelas....

Para além disso, todo o processo de marketing que utilizaram, associado aos nomes que indiquei acima, tornaram a noticia do lançamento deste projecto num processo brutal, virulento, e que levou que o este CD estivesse no 5º lugar do Top de Vendas da FNAC apenas... apenas com a pré-venda, da qual fez parte o meu pedido...

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A HISTÓRIA DE TIAGO CAPITÃO...



...contada por ...
...ADOLFO LUXURIA CANIBAL...
(verbalizada - ligar som , cerrem os olhos e voem para o cenário da história...)


Deveria estar a fazer qualquer coisa útil, mas não... passei a noite a reviver as surrealistas histórias macabro-burlescas de Adolfo Luxúria Canibal e dos Mão Morta.

Mais uma revisita a uma pós adolescência intelectualmente conturbada, mas cujas memórias deixam doces nostalgias de uma estranha construção de identidade... uma volúpia de recordações do que sou...

...recordações que contêm pessoas e acontecimentos que nunca serão esquecidos pelo seu significado na história de um passageiro transgressor de normas legisladas em assembleias de hordas de vampiros sugadores de ideologias....

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

TER FILHOS...


Muitas vezes aqui o meu cérebro fica como em standby mode, sem grande capacidade para pensar e muito menos com a capacidade de transmitir neurologicamente sejam que instruções forem aos meus dedos para que dedilhem o teclado do computador…

É certo que essa apatia intelectual é muitas das vezes fruto de um work, que já por si é passado entre 7 a 8 horas sentado em frente a um ecrã e teclado, deixando-nos num estado vegetativo que incapacita qualquer um de pensar e fazer seja o que for depois das 18h00…

Custa-me imaginar como será ter filhos nestas condições… a maior parte do pessoal da minha geração já os teve individualmente ou aos pares, e aquilo que me fazem transparecer é a grande dificuldade que sentiram em termos de tempo, finanças e, fundamentalmente, em termos de paciência… por outro lado, e apesar do stress que um puto nos traz, existe, segundo quem os teve, um certa dose de prazer e satisfação em os ter…

Ora, eu, hoje, impossibilitado que estou de imaginar seja o que for, decidi recorrer a um dos meus catalizadores de ideias… o Stewie… e, para não variar, encontrei a expressão de tudo o que os meus amigos dizem sobre o que é ter um puto…

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Revive...

Numa onda revivalista hoje, em dia de chuva intensa, apetece-me fazer um pequeno refresh de memoria e retornar uns meses atrás para relembrar uma pequena ‘grande’ viagem…

Isto vai servir ainda para criar uma certa invejazinha a um gajo que anda lá por Cambridge e que diz que consegue altas viagens por 1 euro… pois bem… vê lá se consegues passear por 4 países em 10 dias enquanto desfrutas de um hotel flutuante que é mais uma cidade flutuante do que outra coisa… deixo umas imagens, cuja qualidade não é a melhor uma vez que foi uma montagem muito rápida, mas que serve para deixar água na boca a quem estiver a pensar fazer um cruise

...pois façam-no, se tiverem a oportunidade não a deixem escapar…


terça-feira, 9 de novembro de 2010

Black Hole

Ontem, sem querer, apercebi-me que um ano já tinha passado sem realmente ter dado por isso.

Esfumou-se...

Ao fazer um pequeno zapping na TV deparei-me com um documentário interessante no canal História sobre a queda do Muro de Berlim... precisamente há um ano, pelo 30º Aniversário desse evento, escrevi uma série de posts sobre o assunto.

Parece que esses posts foram escritos há um mês.

Na realidade, e agora que penso no assunto, durante este último ano sucedeu-se uma série de situações que deveriam ter ficado cerebralmente ‘memorizadas’ como eventos importantes na vida de uma pessoa e... não ficaram.

Parece-me agora que estes momentos recentes são apenas como tantos outros que ocorreram ao longo dos meus anos de vida e que se encontram diluídos num tempo que cada vez passa mais rápido.

Outros momentos existem na minha memória que, nem de perto nem de longe, deveriam ter o significado de algumas das coisas que ocorreram no último ano, mas que me parecem mil vezes mais vincados na minha mente como muito importantes... como foi o estudo da história do Muro de Berlim p.ex.

Esta estranha sensação leva-me por vezes a pensar se o comportamento que adoptei nos últimos anos tem sido o mais acertado.

Coloquei de lado aqueles pensamentos racionalistas de planeamento exaustivo antes das acções a tomar, e comecei a deixar-me levar pelos impulsos momentâneos sem pensar muito nas consequências futuras de médio e longo prazo, o que, provavelmente, terá sido o factor do que me leva agora a relativizar os acontecimentos pessoais que se têm sucedido.

A verdade é que, de um ponto de vista diário, sinto-me se calhar mais leve, sem dúvida...

Mas, por outro lado, sinto que de certa forma perdi uma identidade, uma identidade de auto-construção e também de identificação com uma determinada tipologia Humana, como se tivesse parado de crescer intelectualmente e socialmente.

Sinto que perdi ligações... cortei um cordão umbilical que me ligava a mim próprio, para me deixar cair num mundo de mortos-vivos...num mundo de indiferença por aquilo que considero os verdadeiros valores Humanos.

Vivo como um 'peixe' numa corrente de um rio que transporta outros tantos 'peixes' cujo único objectivo é sobreviver sem demasiadas perguntas... eu não sou assim porra! Eu não sou um mero 'salmão' que vai fazer a desova a montante e morre!

Mas olho à minha volta e só vejo cérebros betumificados. Quero saltar fora, mas para onde?

Os acontecimentos ocorrem sem a importância que deveria dar, como num filme corrido em que apenas sou um mero espectador. Tudo me parece efémero e verdadeiramente sem a importância que deveria ter.

Em certas alturas paro e pergunto-me se ainda estou por aqui... e se estou, será que continuo a desejar estar?...

Estes pensamentos podem ser demonstrativos do inicio de uma certa ‘patologia’, mas esforço-me para que não sejam expressões disso... como já sabes a escrita para mim é uma forma de expiar os ‘demónios interiores’ e serve como catalisador de um equilíbrio interno.

O que descrevo é o que sinto, disso não tenho dúvida.... mas dai a pensar em coisas mais maradas e 'negras' vai um longo, mesmo longo, caminho.

..é apenas um desabafo...



sábado, 23 de outubro de 2010

Nostalgias... e já lá vão 25 anos...

O Paulo é um amigalhaço de longa data e de muitas batalhas. Desde a escola primária que a amizade de instalou entre nós… e não sejam depravados… se existe uma verdadeira amizade entre pessoas do género masculino, a nossa pode ser dada como um dos melhores exemplos, tipo as dos filmes ‘hollywoodescos’…
Desde os 6 anos que a nossa vidinha corre mais ao menos paralelamente… ambos com muitas idiossincrasias diametralmente opostas, mas, talvez por isso, com uma complementaridade de personalidades que acaba por funcionar muito bem.

Lembro-me de algumas fases passadas e a que mais se afasta no tempo é a da escola primária, altura em que eu lhe fazia os TPC’s enquanto, ao mesmo tempo, lia coisas sobre ET’s e OVNIS… tudo em troca de uma certa protecção física… diria que eu era o cérebro e ele o músculo… algo assim…

Depois veio aquele Verão de 85 em que nos convencemos que até éramos capazes de arrear nos outros se fossemos para o Basket… começávamos a pensar que tínhamos físico para qualquer puto daquela data…e realmente éramos altos para a época…

E lá fomos nós para os treinos, muitas vezes na motorizada do pai que ele surripiava da garagem… e que motorizada! Parecia uma 500 cc, como aquilo andava!... Hoje percebo que a sensação de velocidade daquela máquina era transmitida pelo vento e pelos mosquitos nos olhos que a falta de capacete originava…

Outras vezes eram as apostas de 5 e 10 contos (que nunca eram pagas) para ver quem saltava de trás para a frente os bancos do autocarro das 8 da noite que ia vazio… ou então para ver quem os tinha no sítio ao saltar pelas ribanceiras abaixo com as bicicletas de senhora com cestinhos das nossas mães…

Se hoje os putos demonstram a sua coragem reunindo-se em grupos à noite e às escondidas para destruir o erário público, para nós, nessa altura, bastava pensar na carga de porrada que levaríamos dos nossos pais para nem sonhar em sair à noite… a bom da verdade éramos bem mais corajosos e honrados, pois destruíamos, não o erário público, mas o familiar, fosse a que hora fosse, sob a forma de bicicletas das mães com os quadros partidos, vidros das janelas estilhaçados pelas bolas de futebol ou outra qualquer malandrice que acabava sempre da mesma maneira: - uma valente carga de porrada dos pais ou dos avós... a honra disto? Bom, a honra vinha de conseguirmos fazer as nossas asneiradas sem envergonharmos a nossa família publicamente… a destruição ficava por casa…e as nódoas negras por baixo da roupa…

Lembro-me também do Verão de 89, quando fomos acampar com mais um amigo do basket, o Henrique, que na altura vivia nas casas anexas à casa dos pais de outra pessoa que mais tarde se veio a revelar também como uma daquelas amigalhaças do peito, a Paula. Nesse Verão, fomos pela primeira vez acampar sem os pais ou irmãos… reparem, em 89 tínhamos 18 anos…

E lá fomos nós para Pedrógão em Vieira de Leiria… três marmanjos do basket que, combinados, perfaziam perto de 5,80m de altura… e porque é que me lembro eu dessas férias em particular?… bom, por várias razões, sendo a primeira, a tenda que levámos…

O Paulo, na sua ‘ingenuidade’ forjada, decidiu não nos mostrar a tenda antes de partirmos… devia ter sido surripiada da garagem do pai como eram outras coisas… acontece que chegamos a Pedrogão e fomos montar, literalmente, a barraca… só cabia um de nós dentro daquilo…

Outras maluqueiras aconteceram nessas férias de má e boa memória, que não vou estar para aqui a contar para não me enterrar… mas, um das cenas giras foi a pergunta que uma miúda espanhola nos colocou:

- ‘porque razão as mulheres portuguesas têm bigode?’…!?...!?...

...sem resposta possível, disfarçadamente pegamos nas nossas toalhas de praia e pé entre pé tentamos sair de rasteirinho…

Mas qual a razão desta história nostálgica toda? Acontece que o Paulo encontrou uma das fotografias mais emblemáticas daqueles tempos. Uma foto que foi tirada a cores (apesar desta cópia ser a PB) numa altura em que não haviam telemóveis com câmaras ou máquinas fotográficas digitais, e, como tal, perdeu-se no meio de tantos outros documentos de papel, tendo ido, quem sabe, parar ao lixo…

Esta fotografia é a da nossa primeira equipa de basket, época 1985/86 tínhamos nós 14/15 aninhos… o Paulo estava com um problema de ombros, e eu tinha acabado de levar um sopapo que fiquei com o queixo de banda… ok… que desculpas mais esfarrapadas para as palermices de putos…

cliquem para visualizarem com melhor definição...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Strange person case study … and… if Goldilocks are not ‘goldi’ but black?

This is my first English text on this Blog… that’s why I start to ask a little patience to all of you...

Two questions may be ask:

Why I’m writing in English?... and,

What is the reason of this weird title?

The first question has a simple answer and, at the same time, a complex code… I write in English to diminish the impulse of write too much… and, on the other hand, the English write has a significant trace of a code… just to be understand for who wants to understand...

The second question has a more incomprehensive answer… let’s see…

Well, with a little help I find that there’s person’s with an incredible capacity to make deductions from little things… most of the times these deductions are completely wrong, and they’re made basically from the idea that the world they live is an image of their thoughts and desires…

I found more people with this personality than is desirable on these times…

Sorrowfully, some of that people are my acquaintances and they made some of these deductions from little things I say or I done… I must tell them they need to have a more linear thinking, and always remember the Occam’s Razor Principle… these people are truly a case study…

Luckily I’ve a ‘Goldilocks’ in my life that bounces on my mind and around me many times to remind me I do not live in a totally rational world… thank's blacklocks :)

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Marketing "Verde"... atirem-nos mais areia para os olhos P.F....



(Cliquem na imagem para verem bem)

Andava eu a 'passear' por um conhecido centro comercial de Aveiro, quando me deparei com essa cena ai em cima... e graças às novas tecnologias (telemóveis com câmaras) captei este 'momento' que me intrigou...

...Conseguem perceber o que está de errado com esta campanha de marketing??...


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Livre-Arbítrio…

Pergunto-me com frequência se esta expressão serve para definir coisa alguma…

Nas minhas deambulações solitárias em cima da bicicleta cruzo-me assiduamente com pensamentos que surgem de diversos estímulos visuais e auditivos.

Quanto aos últimos utilizo a música (com o cuidado necessário a quem anda de bicicleta) para afastar na medida do possível todo o som externo que possa criar um ‘ruído’ desnecessário…

E funciona. Funciona tão bem, que por vezes sinto-me como um observador extrínseco. As pessoas passam, as paisagens passam, os carros, as casas… e sinto-me como não fizesse parte desse universo… sinto-me como um espectador de um filme que nem sempre é agradável.

Aproveito esses passeios para criar um isolamento especial do mundo em que vivo, um isolamento cada vez mais necessário a um equilíbrio pessoal que, por sua vez, se torna cada vez mais difícil de atingir.

E a minha última deambulação não fugiu à regra.

Desta vez o pensamento surgiu de uma andorinha-do-mar que, a um par de metros de mim, percorria, ao sabor do vento e à mesma velocidade do que eu, o mar que embatia no paredão por onde rodava… terei tanto livre-arbítrio como aquela ave que pode escolher as suas acções como lhe convier?

A bom da verdade… terei eu algum tipo de livre-arbítrio?

Esta reflexão surgiu dessa ave que, quase telepaticamente entendendo o meu pensamento, acompanhou-me durante alguns minutos olhando-me com uma empatia como percebendo que é bem mais livre do que eu… depois foi-se embora, escolheu ir para outro lugar, para outra companhia ou isolamento, deixando-me com esses meus pensamentos.

Onde está o meu livre-arbitrio? Não o tenho… não o terei?

Os condicionamentos que todos temos sejam devido às Leis, regras sociais, ou outros quaisquer tipo de regras civilizacionais, limitam a capacidade de escolha em liberdade do indivíduo.

Não acho que sejam, no entanto, essas regras que nos retiram a liberdade de escolha individual. Essas regras são fundamentais para a funcionalidade de uma sociedade e acabam por criar, per si, as condições necessárias a que todos possamos ter opções de escolha válidas sem atropelarmos outros.
Existem condicionamentos que escapam a essas regras… o poder económico é talvez o que mais nos retira liberdade a nível material…

…mas no que interessa, o que nos limita realmente são as atitudes individuais que não estão sujeitas à rigidez das regras, o que nos limita é a nossa consciência , o nosso ego e super-ego, o que nos limita é a presença de outras pessoas perto de nós, o que nos limita é gostarmos dessas pessoas…

...e isso afecta a nossa liberdade de tal maneira que o pouco que resta do nosso suposto livre-arbítrio não é mais do que reacções às acções dessas outras pessoas…

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Inception Cat...

...bom... comecei pelo primeiro dos filmes que estão colocados neste post (acho-o simplesmente fantástico!!)...peço-te por isso, JN, desculpa pelo plágio mas não consegui deixar de colocar isto no meu blog...

...quem conhece os gatos sabe bem como this guys have some freaky stuff...

... ponham o som bem alto, porque só tem piada com som...





... e depois de explorar um pouco o youtube sobre este video, que têm já mais de 2 milhões de acessos, descobri o que deu origem a este 'movimento' de produções de home videos sobre Inception Cats... chama-se Bret e é um actor do caraças...

...reparem como estes bichos também podem ser meio assustadores...





...nenhum filme pode ser bom sem uma trilogia... mas como os restantes filmes sobre Inception Cats são aborrecidos, prefiro deixar-vos com os benefícios de se ser um actor como Bret... divirtam-se...






NOTA: - nenhuma animal foi ferido ou mal tratado de alguma forma para a realização destes filmes... aliás, bem pelo contrário, há animais com sorte!!...

...e não foram usados nenhuns efeitos de video, apenas de sonoplastia (som).

...e seeeee...??

...o facto de sermos por vezes uns 'passarinhos' nos coloque na mira de uma 'pressão de ar' prestes a dar-nos com uma chumbada para aprendermos a não termos cérebros ornitológicos????...servirá para nos abrir os olhos às cagadinhas de passarinho que fazemos por vezes??



segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Inception - Deception | A Origem e O Fim

Ok… esta é direccionada ao JN.

Não poderia ir 15 dias de férias sem dissertar sobre um filme que quase tem nota máxima no IMDB.

Pois bem, depois de muitas opiniões super positivas e de uma quase histeria colectiva sobre a possibilidade de estarmos perante uma das maiores obras primas mentais alguma vez realizadas em filme, decidi finalmente ir até uma sala de cinema para o ver atentamente…

As minhas expectativas encontravam-se altas, como seria de esperar perante tanta informação positiva…mas à medida que a acção se ia desenrolando comecei a ficar algo desapontado.

Esperem, claro que o filme é giro e fez pensar a audiência… bem, a maioria de audiência… mas daí a ser um quebra-cabeças psicológico… convenhamos, e muito menos a ter que o ver duas vezes para o entender.

Ao contrário da pontuação dada pelos fãs (cerca de 1500) de 9,1 deixando-o no 3 lugar dos melhores filmes até hoje, daria-lhe apenas um 7, talvez pelos efeitos giros…

E digo-o porquê: - Porque já vi filmes com argumentos incrivelmente mais estranhos e marados… inclusivamente um do próprio Nolan – ‘Memento’.

Pois é meus caros, este filme apenas está, para mim, ao nível de um ‘Matrix’, perfeitamente entendível e apenas 'divertido' mas, mais uma vez, para mim, previsível à medida que se desenrolava… aliás, a menos do meio do filme já tinha percebido que no final se iria deixar a questão no ar se todo aquele enredo não seria no fundo um sonho da própria personagem principal, cujo ‘totem’ no final estava vai não vai… se caísse era tudo real, se não caísse era um sonho.

A historia é revisitada, sendo por isso pouco original... aliás, até a Disney já a tinha abordado quase exactamente da mesma maneira... vejam a imagem acima... (cliquem para ver melhor)

O filme é bom [(-) menos], não ‘muito bom’ ou ‘excelente’ e, longe de vir a ser de ‘culto’…

Os filmes de ‘culto’ não são percepcionados como excelentes pelas massas, como este aparentemente está ser.

Normalmente apenas uma pequena parte da população cinéfila é que consegue perceber esse espírito de ‘culto’ que certos filmes possuem.

É exactamente pelo facto de não serem ‘entendíveis’ pelas massas que os promove a ‘culto’.

‘Memento’ é de loucos. Posso-vos dizer: Ainda hoje quando vejo este filme sinto-me perdido a meio da história, mesmo depois de o ter visto 3 ou 4 vezes...

‘Event Horizon’ é um outro filme, infelizmente ‘cotado’ no IMDB com 6,3 em 10, que é apenas um dos melhores filmes de Ficção Cientifica que alguma vez vi. As falhas técnicas são quase inexistentes e aborda questões polémicas do dualismo fé/ciência, um pouco à semelhança do que a física quântica, a que fiz referencia nos últimos posts, o faz.

‘Naked Lunch’, de Cronenberg em 1991, é absolutamente divinal e utiliza, neste caso, as alucinações de venenos para insectos para criar uma realidade mamada à personagem principal…

‘Dark City’ deixa-nos a pensar desde o primeiro momento até ao final do filme com a possibilidade de vivermos num mundo criado. Será talvez o primeiro deste género de filmes de ficção cientifica tipo Matrix, de realidades sobrepostas. (há quem diga que ‘Matrix’ é apenas um plágio de ‘Dark City’, e eu sou talvez uma dessas pessoas).

Acho que até mesmo ‘The Butterfly Effect’ é melhor que ‘Inception’…

Enfim, existem uma miríade de filmes que são absolutamente fantásticos e que fazem a nossa carola pensar mesmo depois de abandonar a sala de cinema. ‘Inception’ não é um desses filmes, pelo menos para mim.

E não é somente pelo facto de ser um filme previsível, mas porque existe uma daquelas falhas técnicas que ‘abate’ todo o argumento.

Normalmente em ficção científica é possível criar uma espécie de ‘constante cosmológica’ para tapar os buracos de forma a explicar algumas questões técnicas, como viajar no tempo. Sei lá, poder-se-ia explicar que existe uma partícula sub-atómica qualquer que se deslocava no tempo e a partir dai se criou uma máquina…qualquer coisa deste género.

Mas em ‘Inception’, Nolan utiliza na interligação dos sonhos uma constante física que é fundamental em alguns casos mas que em outros é totalmente ignorada – a Gravidade.

No sonho de primeira camada, quando a carrinha está a cair da ponte, os actores entram em gravidade zero o que se vai repercutir no sonho de segunda camada ficando todos em gravidade zero, mas essa repercussão fica por ai e não é verificada no sonho da terceira camada, que logicamente deveria ser afectada sucessivamente, e por ai em diante nas restantes camadas... Nolan não se dá ao trabalho de criar uma 'constante cosmológica' para explicar essa falha...

Ainda com a gravidade, a forma utilizada para ‘acordar’ os intervenientes é através de um choque provocado, por exemplo, por uma queda… ora, quando a carrinha, no sonho de primeira camada, entra em capotamento, os choques gravitacionais aplicados aos corpos das personagens visíveis nas imagens não surtem qualquer efeito no acordar destas no avião

O efeito físico da gravidade é utilizado para satisfazer o argumento e, ao mesmo tempo, anulado para essa mesma satisfação… uma falha técnica que coloca por terra todo esse argumento.

Um filme mediano, talvez um pouco melhor, mas que não me convence, ao contrário de ‘Memento’ do mesmo Nolan…

E agora vou em férias tranquilo durante 15 diazinhos...para quem fica, bem, para quem fica, aconselho a irem ver o 'Eclipse' da saga 'Twiligth'... é mais giro e divertido, sem apregoar à partida que dá muito que pensar e depois não dá coisa nenhuma... confesso que já vi os outros dois e fiquei um pouco viciado à semelhança do que me aconteceu com aquela serie manga da SIC Radical - 'Dragon Ball'... ;)

sábado, 14 de agosto de 2010

O Gato de Schrödinger e a Interpretação dos Mundos Múltiplos de Everett

Depois de uns posts sobre os fundamentos da mecânica quântica eis que chego a um dos seus clássicos exemplos.

Garanto-vos uma coisa: Vou tentar ser o mais sucinto possível… “ah, pois, este diz sempre isto e depois sai um testamento do tamanho mundo!!”… devem pensar…

Pois bem, acontece que começo a perder o interesse neste tema, e, como tal, deixei de ter paxorra de estar para aqui a escrever sobre “coisas quânticas” e afins…

…eu sou assim, como um albatroz que percorre os mares do sul durante milhares de quilómetros, tangendo aqui e ali um oceano de conhecimentos… não gosto de pousar, nem de estar muito tempo num único local…posso lá voltar mais tarde, mas fico por pouco tempo, o suficiente para que na minha mente se construa uma imagem suficientemente esclarecedora do tema, criando-se assim, tema a tema, uma perspectiva geral de um ‘todo’ que me permita não me ‘perder’ neste oceano que é a vida…

Talvez por isso nunca tenha conseguido concentrar-me numa especialização, mas talvez por isso mesmo me sinta neste momento capaz de perceber ‘as coisas’ de uma forma muito mais esclarecedora e equilibrada a meu ver… não quantifico, qualifico, que é algo que está em extinção na nossa sociedade,

O engraçado disto é que estou exactamente a falar de um tema, a mecânica quântica, que, curiosamente, numa primeira abordagem deveria quantificar (quântum) as coisas minúsculas, mas que chegou a um nível que a obriga a qualificar a perspectiva do Universo… mais um paradoxo para a caixa…


Bom, divagações à parte, devo, a quem quer que tenha lido com afinco os meus últimos posts, a última parte do inicio do que é hoje a mecânica quântica.

É estranha a expressão, mas na realidade o que vos conto sobre esta ciência é apenas um resumo muito sucinto das ideias com que os investigadores se depararam entre os anos de 1900 e 1950… Max Planck, Bohr, Einstein, Schrödinger, Everett, Heisenberg e muitos outros delinearam as bases de estudo de algo que é incrivelmente não intuitivo e logo de difícil compreensão… mas… tentem apenas qualificar as paradoxalidades que esta física nos apresenta…

E foi isso que Schrödinger fez.

Perante a ideologia da Escola de Copenhaga, que, tal como já vimos, enuncia aqueles dois Princípios rígidos – Complentaridade e Correspondência – de forma a colocar ‘atrás das grades’ do empirismo clássico esta nova ciência do paradoxo, Schrödinger imagina uma experiência mental que vem abrir as portas, com as próprias chaves do carcereiro, à imaginação e à probabilidade de existência de universos de múltiplas realidades. É o Schrödinger’s Cat que quase toda a gente ouviu falar.

A experiência acontece da discussão da sobreposição quântica que, como vimos antes, determina que uma partícula pode ter e estar simultaneamente em vários lugares e vários estados até que uma observação seja realizada e a Função de Onda colapse.

A experiencia consiste em imaginar um gato dentro de uma caixa hermeticamente fechada, com um dispositivo, protegido da interferência do gato, que através do decaimento de um átomo radioactivo leve um martelo a fracturar um frasco com gás venenoso e eventualmente mate o gato.

Acontece então o seguinte:

Como não se pode prever o decaimento do material radioativo, - pode ou não acontecer num determinado prazo - o gato, aos ‘nossos olhos’ porque não o vemos na realidade, encontra-se simultaneamente morto e vivo e poderá realmente estar nesses dois estados (e em muitos outros, tipo com queda de pelo ou cego, etc, etc).


Steven Weinberg, perante esta situação, refere que o difícil na interpretação da mecânica quântica é perceber que esta ciência combina uma interpretação probabilística com uma dinâmica determinística, e é ai que reside o busílis da sua compreensão já que estamos intuitivamente preparados apenas para compreender as coisas por observações empíricas, com os sentidos…

Então, em 1957 Hugh Everett disserta pela primeira vez sobre a possibilidade de uma Interpretação de Mundos Múltiplos. Essa interpretação determina que o observador não tem um papel especial no processo quântico.

Ou seja, o observador faz parte apenas de uma realidade por ele observada num determinado momento e espaço que, antes da abertura da caixa, é apenas uma realidade onde existe uma caixa fechada com algo lá dentro. No entanto, assim que a abre, entrelaça-se, com a realidade existente nesse momento dentro da caixa, desligando-se assim de todas as restantes realidades possíveis, que iriam surgir em momentos diferentes.

Ao observarmos entrelaçamo-nos com a realidade observada começando assim, nessa altura, a fazer parte dessa realidade, não sendo nós quem determina o rumo da realidade anteriormente existente.Simplesmente ‘caímos’ ou ‘saltamos’ para essa realidade…

Ao acontecer isso entramos em descoerência com as restantes realidades, que, segundo Everett e posteriormente Bryce DeWitt, continuam a existir em sobreposições infinitas, cada uma das quais com observadores entrelaçados com essas mesmas realidades…

Eu sei, é muito estranho, mas essa ideia, que Everett lançou na sua tese, foi evoluindo um pouco às escondidas desde essa altura, e nos últimos vinte anos começou a ser altamente considerada para explicar algumas das paradoxalidades que também foram surgindo.


Hoje em dia, apesar da Interpretação de Copenhaga ser ainda seguida por um grande número de físicos, as várias teorias que possibilitam universos múltiplos explicam e tapam muitos dos buracos dos problemas cada vez mais complexos da quântica.

Aliás, a ideia de universos múltiplos já é grandemente considerada e estudada com sendo uma verdadeira possibilidade.

Para terminar deixo uma pequena divagação... como se devem ter apercebido, as probabilidades de 'saltarem' para uma realidade ou outra, para um mundo ou outro, dependem das variáveis Espaço-Tempo... ora, sendo a gravidade uma distorção do Espaço-Tempo, como nos diz Einstein com a Teoria da Relatividade Geral, será a gravidade capaz de nos 'ligar' um dia entre Universos?...seria giro...

Enfim....imaginar não custa...


Nestes posts deixei alguns nomes e alguns exemplos que, apesar de certamente conterem algumas incorrecções, podem levar-vos a pesquisarem mais facilmente toda esta parafernália de paradoxos e coisas abstractas que a Mecânica Quântica nos apresenta.

Deixo apenas um aviso: Se quererem imiscuir-se num estudo mais aprofundado desta física moderna, podem contar com um mundo totalmente novo e diferente do que até hoje percepcionaram… deste estados e lugares simultâneos, a teletransporte, passando por dimensões múltiplas e recuos ao passado, à Teoria das Cordas… enfim… um(ns) Universo(s) verdadeiramente esotérico(s), mas que pode(m) sem sombra de dúvida dar asas à abstracção da nossa imaginação, quase explicando fenómenos que até hoje se poderiam considerar no domínio da ficção cientifica e do sobrenatural.

Quanto a mim, meus caros, não digo que percebo tudo isto, muito longe disso. Seria ser demasiado arrogante, quando grandes mentes, com um infinito número superior de conhecimentos em relação a mim, sempre disseram que não percebem esta história da quântica.

O que eu digo, é que a perspectiva básica que adquiri ao ‘sobrevoar’ este tema me veio enriquecer mais um pouco enquanto ávido consumidor de conhecimentos, permitindo, com mais esta peça do puzzle, que construa mais solidamente a minha visão do que me rodeia…

Será a visão correcta? Será a verdadeira realidade?... não creio, acho que é apenas mais um dos ‘mundos’ que cada individuo por si próprio constitui, um Universo sobreposto a tantos outros.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Interpretação de Copenhaga

Esta coisa dos Universos Múltiplos já deu o que falar.

O meu sobrinho JN, cujo link para o seu blog ‘WalkingInCambridge’ se encontra ali ao lado, já ‘meteu o bedelho’ no assunto...

Só que a complexidade do assunto em causa é mesmo muito alta, não podendo ser apenas associada a filmes de ficção de Hollywood.

Torna-se mesmo necessária uma noção, mesmo que muito pequena, dos princípios da mecânica quântica, para se poder perceber que a ideia de Universos Paralelos, Multiversos ou Outros Mundos poderá ser algo que, daqui a 50, 60 ou 100 anos, deixe de se situar na esfera da tal ficção cientifica, sendo que muitos dos fenómenos tomados hoje como ‘sobrenaturais’ tenham também uma interpretação cientifica.



Como vimos no meu ultimo post , as partículas, ou melhor, toda a matéria, possui uma dualidade onda – partícula.

Este facto determina a existência de uma Função de Onda para todo e qualquer estado de matéria.

Por sua vez, essa Função de Onda determina as diferentes probabilidades da posição e estado da matéria num determinado momento.

E agora vamos ver como essa Função de Onda poderá ‘colapsar’, eliminando assim a dualidade onde-partícula, logo que se tenta fazer uma observação ao objecto de estudo, neste caso o electrão.


Sendo assim, decide-se, na experiência da Dupla Fenda, adicionar uma lâmpada entre a parede e o ecrãn.

Sabendo-se que os electrões dispersam a luz, assim que o electrão em estudo passar por uma das fendas verificar-se-á um flash do lado dessa fenda. Se se observar flashs de ambos os lados então não há dúvidas: - o electrão passa pelas duas fendas, seja por obra de magia, seja por se ter subdividido.


Alívio!...


Sempre que se dispara um electrão, ao realizar-se a experiencia desta maneira, verifica-se apenas um flash pelo lado da fenda por onde este passa... afinal, não existem magias negras, nem o electrão se divide contrariando todas as Leis Físicas existentes.


Mas... e a Interferência Quântica registada no ecrã? – Supresa total! Desapareceu e agora o único electrão já forma um impacto consistente com um projéctil!

Como é possível? Quem anda a brincar com o investigador? Deus?...se calhar... ou então a explicação mais racional seja que a luz da lâmpada interfere com o electrão.

Verifica-se...

...e para se verificar diminui-se a intensidade da luz, ou seja, de emissão de fotões, e... espanto.... uns electrões são flashados e outros passam sem serem vistos... os que são vistos registam comportamento de partículas no ecrã, os que não são vistos tem comportamento de onda – passam pelas duas fendas ao mesmo tempo! ... que coisa estranha.

Diminui-se então, não a quantidade, mas a energia dos fotões utilizando uma luz com um comprimento de onda maior – portanto baixa frequência e logo baixa energia – para que não seja transmitida demasiada energia ao electrão... luz vermelha, por exemplo.

Esta nova situação resulta em flashs difusos não sendo possível determinar se o electrão passa na fenda esquerda ou direita. Este é um efeito de óptica. Se temos dois objectos muito próximos, eles só se distinguem entre si se forem observados com uma luz de comprimento de onda menor que a distância entre eles. Caso contrário, os dois objectos aparecerão juntos, como um borrão, perdendo-se a resolução.

Ou seja, na medida em que aumenta o comprimento de onda, diminui-se a ‘resolução’ do padrão de partícula do electrão, apresentando este cada vez mais as características de onda.


Quando se tenta observar o electrão, ‘interferimos’ com ele, não sendo possível deixar de o fazer e alterar o resultado final... assim que ‘metemos o bedelho’ na história estragamos tudo!


Um exemplo interessante para ilustrar a Função de Onda, que é demonstrada pela experiencia da Dupla Fenda, é o efeito ‘máquina fotográfica’: - Imaginem que têm uma reflex na mão. Apontam-na para um objecto e este aparece desfocado naturalmente, se rodam a objectiva para o focarem este fica, obviamente, focado e com uma boa resolução. E à medida que rodam a objectiva em sentido contrário, o objecto começa a desfocar até não se perceber o que é, perdendo a resolução necessária para que o nosso cérebro possa processar a imagem, cérebro que é, por definição, o ‘observador’ final...


Somos então nós, enquanto observadores, que determinamos as características do objecto. Se os nossos olhos sofrerem de desfoque, o nível de focagem da objectiva é um, mas se o nosso colega tiver uma visão 20/20 irá focar a objectiva com outro nível, demonstrando assim a influência directa do observador na forma como o objecto se revela, não significando com isso que essa forma seja a total imagem do objecto.


Mas afinal o que é o electrão? Onda ou partícula?


Bom, pelas experiências descritas neste e no último post é ambas as coisas ao mesmo tempo, podendo inclusive estar em dois lugares ao mesmo tempo também, excepto, quando se efectua a observação directa da partícula o que reduz todos os possíveis estados a apenas um - aquele que a observação permite.


A introdução de um observador irá interferir automaticamente com o sistema em causa, fazendo ‘colapsar’ a Função de Onda do que é observado. Observando-se um determinado fenómeno este passa a deixar de ter ‘probabilidades’ de estado, passando a ter um estado bem definido pela observação que se realiza.


Devido exactamente ao factor ‘observador’ Niels Bohr enunciou o Principio da Complementaridade, que basicamente enuncia que a dualidade onda-particula não é uma característica dupla da partícula, mas sim duas características complementares, nunca se manifestando simultaneamente. Quando é observada uma a outra não se manifesta.


Este axioma integra-se na Interpretação de Copenhaga, que é seguida por uma grande parte dos físicos até agora, inclusive por Einstein.


Então, perante isto, surge um novo paradigma:

O ‘observador’ da Física Clássica deixa de ser passivo – ao observarmos as estrelas elas não se movem por causa disso – e passa a ser activo na Física Quântica – ao observarmos uma partícula interferimos na forma como ela se revela.


Mas existem investigadores que não concordam com a Interpretação de Copenhaga que, para além do Principio de Complementaridade, baseia-se num outro Principio fundamental, o da Correspondência, que determina que o mundo quântico e todas estas novas observações paradoxais apenas são válidas para o mundo do ‘muito pequeno’, sendo que a física clássica manterá o seu ‘poder’ no mundo do ‘grande’.

Este princípio afirma que:

"as grandezas quantizadas dos observáveis tendem ao limite clássico quando os números quânticos associados ao sistema em questão tendem a infinito."

Por outras palavras mais simples: Se a objectiva da máquina fotográfica pudesse ter uma focagem infinita, chegava-se a um ponto em que o objecto focado, para nós, por muito mais focagem que fizéssemos, já não apresentava alterações ao que víamos e era ai que a física clássica entrava em vigor...


E é a partir da Interpretação de Copenhaga que Heisenberg delineou o seu Principio da Incerteza, conhecido por quase toda a gente, mas que poucos sabem de que se trata.

O Principio da Incerteza estabelece exactamente as restrições aos pares observáveis. Ou seja:

Se queremos observar a posição de um electrão (numa ou outra fenda pEx.) 'atira-se' ao gajo luz (fotões). Mas como verificamos, para determinarmos com precisão a sua posição, o comprimento de onda dessa 'luz' terá de ser o mais curto possivel, contudo, maior será a energia cedida ao electrão, que, por sua vez, segundo algumas 'coisas' matemáticas que não vou explanar (constante de Planck e efeito Compton), promove a imprevisibilidade da sua velocidade...

Era como que para analisarmos a posição e a velocidade de uma bicla lhe atirássemos uma jacto de água para medir, com o recuo da água, a sua posição e a velocidade...e, intuitivamente se percebe,l que quanto mais forte for o jacto de água mais precisa será a medição do seu recuo...só que na realidade não é isso que acontece, como bem sabemos.

...ora, se eu fosse o ciclista até talvez fosse possível verificar a minha posição com um jacto de água fraco, mas, garantidamente quanto mais forte este ficasse menos possibilidades teriam de determinar onde estava, pois com a força desse jacto provavelmente iria parar uns vinte metros atrás, sem contar obviamente com a minha velocidade, que se tornaria automaticamente negativa.

Sendo assim seria sempre Incerta a medida efectuada, porque quanto mais preciso é o mecanismo de medição, mais errada seria essa medição.

Resumindo, quanto mais precisamente se medir uma grandeza, forçosamente mais imprecisa será a medida da grandeza correspondente.

Um dos grandes problemas da experimentação na Física Quântica é exactamente este. A verdade é que na escala de realidade em que vivemos podemos fazer medições com instrumentos e escalas energéticas que não afectam mensuravelmente o objecto de observação - um radar verifica a velocidade do nosso carro e ele não perde velocidade por isso.

Contudo quando se reduzem as observações ao mundo sub-atómico ou mesmo atómico, as observações do objecto de estudo só podem ser realizadas com instrumentos e energias da mesma escala, interferindo automaticamente com esses objectos de estudo.


Mas será mesmo assim?? Os princípios quânticos servem apenas para o mundo das partículas atómicas e sub-atómicas?

E será que a realidade só existe porque existe quem a observa?


São questões que algumas filosofias já colocam há milénios como a Zen (que pergunta como é o som de uma árvore a cair na floresta se ninguém lá estiver para a ouvir) e que agora começam a ser colocadas matematicamente, levando, curiosamente, às mesmas questões.


Vamos analisar a seguir a experiência mental do Gato de Schrödinger, para tentarmos tirar algumas conclusões...