Quem lê este blog, já deve se ter apercebido que conduzo um carro quase tão velho como eu. Um VW Polo de 1988, de 1050 cc, com 45 Cv. Aparentemente é um carrito mais potente pela força que aquele velho motor imprime na velha carcaça…mas a realidade é que não é.
Nos anos 70 e 80 do século passado (sim, tenho um carro do século passado, curtido!!) os carros eram bem mais leves, e por conseguinte motores menos potentes tinham uma relação peso/potência muito idêntica aos seus semelhantes actuais. Diria que um motor de 45 Cv desse Polo de 700 kg, é muito equivalente a um motor de, sei lá… 90 Cv num carro de 1100 Kg? Talvez nem tanto, mas anda lá perto.
Acontece que a Polo que conduzo (um motor a gasolina de 1050 Cc) tem ‘somente’ 300.000Km…não tem um consumo de óleo visível, (não chega a baixar 1/3 do nível entre as manutenções periódicas de 10.000Km), e ainda hoje faz auto-estradas de montanha a 140 km/h… gasto em manutenção por ano uma média muito inferior a 250 Euros, e apenas teve uma verdadeira avaria, que aconteceu à pouco tempo (vejam os posts anteriores)…
Quanto a fiabilidade nada a dizer, quanto a gastos, nada a dizer também, pela reduzida manutenção e pelas médias mínimas de 5,3 L/100km, que já comprovei pessoalmente numa ida a Lisboa pela A1 a 90Km/hora, e máximos de média de 8,5 L/Km… emite 168 g/Km de Co2, o que não é nada mau para um carro de 1988, cujos parâmetros ecológicos eram muito avançados para a época. É uma carro que já tinha catalisador e consumia apenas gasolina sem chumbo 95 ou 98 de acordo com o que nos der na gana sem necessidade de afinações.
Antes de terminar de me continuar a babar com as ‘virtudes’ deste carro, deixo-vos ainda com 2 ou 3 pormenores fantásticos… apenas substitui nestes anos todos uma lâmpada de matricula, (e algumas dos faróis da frente pois não utilizo as das especificações originais – utilizo lâmpadas 90/100W). Existe uma chave de fendas que também é de estrelas com a qual consigo literalmente desmontar o interior do carro, substituir todas as lâmpadas e ainda verificar o desgaste dos pneus (a chave de fendas tem níveis para verificar o desgaste colocando-a nas fendas dos pneus).
Ou seja, este carro é verdadeiramente racional, só é pena ter 21 anos e não durar para sempre.
Mas, este post tem um outros objectivos…entre os quais, demonstrar que ainda hoje existem construtores que são revivalistas e saudosos do passado…e falo da Fiat e da Abarth… mas já lá vamos.
O meu carro de sonho não é só um, são vários, e se ganhasse o euromilhões esta semana ira certamente comprar um Aston Martin Vantage V12, e um Land Rover Defender…com apenas dois carros se constroi uma personalidade… claro que depois para a familia teria de comprar uma 300 C Touring....
Mas de vez em quando surgem coisas que me fazem começar a pensar em por o Polo de lado…desta vez é o Fiat 500 Abarth, e ainda mais a sua versão – Esseesse…se não tivesse qualquer tipo de responsabilidade e vivesse ainda em casa dos meus pais, não teria qualquer dúvida em o adquirir…
Este carro é fascinante por variadíssimas razões, mas aquela que mais apelativa é, é a de reviver os anos 70 e 80 com os seus GT’s… lembram-se certamente do Golf GTI MkI, do Renault 5 Turbo e do predecessor GT Turbo, ou dos Fiat Uno Turbo e Lancia Y 10 Turbo…ou mesmo do 205 GTI ou o melhor Turbo 16V…bem, que carros incríveis…verdadeiros cavalos selvagens à espera que alguém os domasse…aquela época era verdadeiramente louca…nada de ABS, de Airbags, ou mesmo direcção assistida, que só servem para perdermos a noção do medo e logo do perigo…só quem tinha barba rija é que domava aqueles pequenos bichos…
E foi exactamente isso que o 'Escorpião' da Abarth, no seu estilo louco inconfundível, voltou a fazer, agora com o 500… A Abarth está para a Fiat como a AMG para a Mercedes. São empresas satélite da casa mãe que têm por objectivo 'muscular' os carros originais da marca, tornando-os comerciaveis ao mesmo tempo. Mas se imagino os tipos da AMG a irem de gravatinha para o trabalho, e a trabalharem de luvas brancas, já os da Abarth imagino-os a ir de camisas de cavas, com a barba por fazer, cigarro no canto da boca e a beberem umas cervejolas enquanto trabalham todos borrados de oléo... e é esse o espirito selvagem que a Abarth incute nos carros de série da Fiat em que pega...