sexta-feira, 26 de março de 2010

Bom... tentei há alguns meses por um travão a mim próprio na discussão sobre “fé e religião”, simplesmente porque é totalmente impossível racionalizar uma discussão sobre tal assunto.

No entanto, não posso passar sem deixar aqui um reply quanto ao que foi dito num comentário ao blog do João Nuno... o meu “espírito” não o permite.

E como tal, terei que começar pela minha visão conceptual do que é a ‘fé’... conceptual porque a ‘fé’ é algo que não se pode racionalizar e por definição enquadrar-se em parâmetros predefinidos por um qualquer grupo religioso.

Para quem lê este blog, espero não me estar a repetir...

A fé, quando baseada numa religião sujeita a conceitos ‘associativos’ ou ‘corporativistas’, como é a católica, deixa de ter qualquer sentido.

A fé, a meu ver, é acreditar no que não sabemos se existe ou não, é acreditar em ‘ideias’, em ‘utopias’, em ‘sonhos’, em algo que não é real, mas que poderá o vir ser ou não, é acreditar que podemos ser felizes se essas coisas se concretizarem, é acreditar que podemos mudar o que ainda não é possível mudar e no que pode não ser possível mudar... é a fé que nos impele na procura do que é possível realizar por muito irrealizável que o seja...

Diz-se que quando o Homem pensa em algo, esse algo torna-se verdade... nem que seja a longo prazo.... e isso é assim porque fazemos tudo para tornar real o que a nossa imaginação promove... e se ainda não conseguimos concretizar muitas coisas é porque a nossa sociedade é, a um nível energético, uma criança...

Mas a fé é também, e fundamentalmente, o acreditar em nós próprios como indivíduos e na nossa capacidade de mudar.

A minha fé, não é a tua, nem nunca o poderá o ser porque eu sou diferente de ti. A minha fé não existe porque me dizem para a ter, existe porque é algo que eu percepciono à minha maneira e não à tua ou a de outro qualquer.

A fé não pode ser incutida a ninguém, simplesmente, porque é algo que todos os Humanos possuem, é inerente a quem tem consciência do futuro e o planeia - todos nós temos essa capacidade, mas todos nós precisamos de uma base subjectiva e intuitiva para o fazer, e essa base chama-se ‘fé’...

O simples facto de estarmos no trabalho num dia de chuva à espera que esteja sol quando sairmos, é ter fé que as circunstâncias não controláveis do clima, em acumulado, façam com que o sol surja às 17h30 ou 18h00...

Mas isso é na minha concepção, porque conheço grande parte dos fenómenos que promovem essas variações... para quem não os conhece, a sua fé é no homenzinho de barbas grandes que lá está em cima com as suas grandes mãos a separar as nuvens... porque a realidade para essas pessoas não vai além de uma perspectiva Humana e explicam todos os fenómenos da mesma maneira Humanista egocêntrica. Não abrangem outras realidades, ou têm muita dificuldade em o fazer.

E a ‘Fé’ é isso na minha opinião: É acreditar no que percepcionamos através dos nossos sentidos, sentimentos, imaginação e conhecimentos, no fundo, em tudo o que somos enquanto construção

A partir do momento em que existe outra pessoa a afirmar que devemos ter fé nisto ou naquilo, a orientar a nossa fé, esta deixa de ser a ‘nossa fé’ e passa a ser a fé dos outros.... e isso é tão poderoso que pode ser usado tanto em proveito da espécie no seu todo de uma forma empática, como em proveito de indivíduos ignóbeis, egoístas, no fundo, com características primitivas regidos que são por impulsos de Poder...

Quando a fé é orientada para a ciência e para a consciência colectiva faz a humanidade evoluir (antigos gregos, últimos 150/200 anos) quando é orientada para a o poder individual ou corporativista como é o caso da religião, destrói-nos (Idade Média, Inquisição, Nazismo, Extrema Direita, Terrorismo Islâmico, Semitismo radical).

Este poder da fé pode ser de tal maneira perigoso que já levou e leva a violências extremas, pois quando nos deixamos orientar em questões tão irracionais como a fé, passamos a poder ser manipulados por outros em seu proveito... e isso é observável diariamente há milhares de anos...

E quando se formam religiões é porque existem indivíduos que não conseguem orientar a sua fé e procuram, tal como numa reunião dos AA, alguém que os oriente num sentido... são tão pequeninos que nem nestas questões conseguem viver sem ajuda, sem apoio, são dependentes... talvez por isso é que o Português é muito religioso... só vive à custa de “subsídios”.... do Estado e da... Igreja.

Quanto a questões de fé, sinto-me totalmente preenchido e equilibrado, simplesmente porque sei até onde posso ir nessas questões. Não quero saber da fé dos outros, não imponho a minha fé a ninguém, nem julgo pessoas por a ter ou não ter.

Não tenho fé em coisas que sei que são irrealizáveis, não centro a minha fé nisso, porque, simplesmente, não sou masoquista para sofrer com as consequências quando percebermos que estávamos totalmente enganados e perdemos tempo e imensas outras coisas à volta de utopias que podem roçar a loucura...

Poderia ir por aí fora e dar imensos exemplos da fé que tenho em determinadas coisas... como é o caso dos multiuniversos... mas da mesma maneira que não quero saber da fé dos outros, também não me interessa falar sobre a minha...

E é sobre esta história toda de ‘fé’ para aqui e para ali que eu apresento a ideia de que todos os argumentos religiosos são baseados em factos falaciosos, mal deduzidos e pouco racionais, pois sempre que se refutam ideias religiosas com factos irredutíveis, a ‘fé’ é sempre utilizada como arma de defesa da Igreja... como se fosse possível discutir questões de fé... é quase como alguém que entra num jogo e quando se vê a perder decide abandonar esse jogo amuado dizendo que “não brinco mais!!”... em competição desportiva costumamos dizer que:

“não sabe é mais!! Looser!!”

segunda-feira, 15 de março de 2010

Viajar para os EUA???... não me parece

Sou assíduo espectador de um dos programas televisivos mais giros e apelativos para qualquer homem (ou seja, rapazes e crianças)... trata-se do TopGear da BBC.

Para quem não conhece este fabuloso programa faço uma breve descrição:

O TopGear é um programa de critica automóvel que, pela sua popularidade obtida em grande parte pela franqueza dos seus apresentadores quanto aos carros que testam, faz renascer em qualquer homem nascido nos décadas de 60/70 do século passado, as lembranças dos seus sonhos de criança.

Aliás, a popularidade deste programa é tão elevada, que se tornou uma das principais fontes de informação e decisão na compra de novo carro para indivíduos tão díspares como o Zé-ninguém e o Actor de Hollywood mais famoso...

...a popularidade é tão grande que são as próprias marcas de topo que entregam os seus carros durante dias para que estes apresentadores os testem e divulguem as suas opiniões...

...tão grande é a popularidade e a validade das opiniões emitidas, que marcas de carros super desportivos, como a Koenigsegg, alteram os seus carros depois de ouvir as criticas deste programa.

São três os apresentadores: Jeremy Clarkson (o maior), Richard Hammond (o minorca) e James May (o sensível de cabelo comprido), todos na casa dos 30/40 anos de idade, e que, no meu caso, consigo facilmente identificar comportalmente com alguns dos meus amigos e comigo próprio.... aliás o Clarkson é uma cópia quase exacta do Paulo Brandão, quer em altura quer em comportamento...

Bom, para além destes tipos existe uma personagem chamada The Stig, que ninguém sabe quem é... trata-se do piloto de testes profissional do programa... veste de branco e nunca tira o capacete, nem fala... um enigma há mais de 10 anos...

Mas este programa não é apenas giro pelo aspecto mecânico dos assuntos tratados... com base na tecnologia automóvel, conseguem, em alguns episódios, abranger e analisar as diversas questões sociais que pelo mundo abundam... como é o caso da paranóia ambiental de que as marcas como a Toyota tão bem sabem aproveitar para lucrar com produtos que pouco ou nada têm de verdadeiros amigos do ambiente... provaram que um Toyota Prius consome 6,8L/100Km em pista, mais do que o BMW M3 que o acompanhava à mesma velocidade- 6,2L/100Km...

...e este é o caso também de um episódio em que decidem ir ‘passar umas férias’ aos Estados Unidos para provar que é preferível comprar um carro por 1000 dólares, do que alugar um naquele País...algo que passou para 2º plano face aos contratempos que foram surgindo...

Acontece que descobriram que o sul dos Estados Unidos é talvez um dos piores lugares do mundo no que diz respeito à intolerância a ideias diferentes...

Tirem 20 minutos da vossas vida e divirtam-se a ver o vídeo (em duas partes) para compreenderem que não devem viajar para aquele País dito de ‘liberdades’, sem saberem antes onde se vão meter....




sexta-feira, 12 de março de 2010

Quando a Vida deixa de fazer sentido...

...Jesus Cristo é sempre a resposta mais fácil...


...mas...existem sempre outras coisas melhores para fazer...

terça-feira, 9 de março de 2010

BULLYING

Devido aos recentes acontecimentos, (miúdo que se atirou ao rio suicidando-se, supostamente por depressão causada por agressões na escola), esta história do bullying, volta a estar na boca do mundo, com a caracterização das consequências de tal acto (bullying), suas responsabilizações e formas de acabar com o mesmo.

Bom... mais uma vez vou deixar o meu comentário frio e livre de qualquer tipo de emocionalidade que este assunto possa trazer...

E se de repente eu dissesse que a culpa não é do agressor mas sim da vítima??... –

Herege! Malvado!!! ... imagino as vozes de milhões a crucificarem-me por tal afirmação...

Mas é exactamente por ai que o problema irá manter-se por tempo indeterminado, já que este tipo de acontecimentos irracionais e animalescos apelam, em sentido inverso, à mesma irracionalidade que faz parte na animalidade humana a vingança, pondo de lado uma análise coerente de todo o contexto em que estes actos ocorrem.

Vou tentar não me alongar em considerações polémicas nem em comentários que possam ferir susceptibilidades.

O bullying é, na minha opinião, apenas um acto normal de convivência e construção social. Aliás, toda a sociedade é baseada em bullying, físico numa fase mais imatura, psicológica numa fase mais matura e económica numa fase mais abrangente.

O poder e a humilhação, a necessidade de Alfas e Ómegas, são factores e resultados intrinsecos da estrutura hierárquica social, e de que é também vitima o agressor deste miúdo que se suicidou.

E o bullying em que, sublinho, quase todos nós estivemos envolvidos como vítimas ou agressores, é um comportamento tipicamente de construção social. Estabelece níveis hierárquicos essenciais ao desempenho da nossa estrutura social.

Ontem, ao ouvir a pedopsiquiatra Ana Vasconcelos dissertar sobre o último caso e sobre como o bullying se manifesta, apenas me vinham à cabeça as imagens de um certo documentário sobre a estrutura hierárquica dos lobos e de muitos outros grupos de mamíferos... no fundo o que se passa na escola, não é mais do que a criação de estruturas desse tipo.

E porque é que eu digo que esta situação foi ‘causada’ pela vítima e não pelo agressor?

É óbvio que a vítima nunca tem culpa.

A única ‘culpa’ que se pode atribuir à vítima é a sua fraqueza física ou psicológica. E numa sociedade cada vez mais desumanizada, mais animalesca, a verdade é que a vítima é agredida por outra vítima, que é, por sua vez, agredida não por um único indivíduo mas por toda uma sociedade cada vez mais agressora...

Em ultima analise a responsabilização de um acidente deste tipo, sobe e desce por toda a estrutura social, deste o individuo vitima, culpado porque não tinha capacidades defensivas, e porque a sua família (culpada) não lhe soube incutir os valores agressivos necessários; ao indivíduo agressor, culpado porque age de uma forma instintivamente animalesca mas, sublinho, natural, porque a sua família (culpada) não lhe soube incutir valores de convivência social; passando pela Escola e seus intervenientes, culpados, por não incutir valores de cidadania nos seus alunos, fortalecendo-os psicologicamente e construindo-lhes barreiras ético/morais de grupo; indo até à culpa do Estado, essa entidade subjectiva que por sua vez começa cada vez mais a estar condicionada por factores económicos que o obrigam à implementação de politicas cada vez menos sociais, perdendo-se no processo o objectivo de se viver em sociedade que é privilegiar o indivíduo que a constitui; descendo à culpa das grandes instituições económicas que ganharam vida própria onde o único objectivo é criar o dinheiro que sustenta os grandes vícios de crescimento desmesurado; indo até à culpa das Direcções dessas Empresas que se vêem condicionadas à competitividade e à sobrevivência económica da mesma; e finalmente à culpa do indivíduo adulto que constitui essas Direcções e é também o empregado, que se recusa a perder os seus benefícios de vida, e que por sua vez é pai da vítima e ao mesmo tempo do agressor, não tendo tempo nem valores reais para incutir nas crianças noções de vivencia em sociedade...

Enfim, um ciclo interminável que irá acabar certamente na sua autodestruição pelo seu próprio peso...

De quem é a culpa afinal?

Lá diz o ditado popular: “cada um faz a cama em que se deita”...