quinta-feira, 16 de abril de 2009

Retroversão ao tema ‘Religiões’...





Após o enorme texto do meu último post, andei a matutar em como o que me propunha escrever era algo mais do que simples constatações do que a religião é. Subscrevo, sem dúvida, o que o Nuno diz, mas essa fase de contestação à religião já lá vai…já não perco muito tempo com isso, não vale a pena, e parece-me que o miúdo daqui a uns anos vai chegar à mesma conclusão…

Por outro lado o teor daquelas palavras pode induzir em erro quem as lê, se se distorcer o conteúdo da mensagem…

Quero que fique bem claro, que não sou um ateísta, ou um gnóstico fanático. Subscrevo, no entanto, a ideia subjacente ao movimento da The Out Campaing de Richard Dawkins...

Não me considerando ateu, posso dizer que talvez, só talvez, roce a definição de deísta…a virar para o budismo, sei lá...algo do género.

Apesar de ter sido educado num universo totalmente cristão, com as ideologias próprias da ‘fé católica’, sempre fui desde criança incentivado a pensar por mim, analisando tudo de uma forma o mais empírica possível. E como seria óbvio, o catolicismo nunca foi, em momento algum, aliciante de seguir, por todas as ‘pontas soltas’ a que o post anterior faz referência…e outras mais que não são referidas.

Na verdade, e na minha opinião, qualquer religião assente em bases teístas está por si só corrompida por ter como intermediário entre Deus e Homem, o próprio Homem.

Nas religiões teístas, Deus, ou Deuses, transmitem através de textos ou revelações sagradas a sua palavra… acontece que, desta forma, nunca conseguem chegar directamente a toda a Humanidade, sendo necessário delegar a disseminação das revelações numa ‘ajuda terrena’ de profetas e/ou de um exército de discípulos… o que é incrivelmente conveniente para alguns…

Só por aí, toda a argumentação moral deste tipo de religião encontra-se podre nas suas fundações.

Se eventualmente no início (mesmo, mesmo no inicio!) dos tempos Históricos este tipo de espiritualidade poderia até funcionar, assim que foi possível perceber a facilidade em orientar uma determinada mole através de pequenas alterações às revelações sagradas em proveito de quem as transmitia, todo o fundamento teísta caiu por terra…e esta manipulação todos a conhecemos, basta olhar para as noticias dos últimos 8 anos para perceber a forma como as três religiões ‘irmãs’ (cristã, judaica e islâmica) o fazem tão bem…

Todos nós conhecemos aquele jogo em que um indivíduo, num grupo de 10, 15 ou mais pessoas dispostos em circulo, começa a transmitir uma pequena história ao ouvido do colega do lado, que por sua vez a passa ao seguinte, e assim sucessivamente… quando chega ao ponto de origem a história está completamente deturpada em diferentes níveis consoante o interesse ou a atenção das pessoas que a contam… e é essa a história que o último elemento do circulo, imediatamente antes do indivíduo que a começou, irá crer, com poucas ou nenhumas dúvidas, que foi aquela que o primeiro indivíduo contou.

Agora extrapolem este jogo para a vida real e imaginem uma criança a crescer num meio ‘fechado’ ‘circular’ onde lhe dizem que terá um dia de se envolver em explosivos para destruir o inimigo, morrendo no processo, mas sabendo que terá a vida eterna com tudo de bom no além, ou, por antagonismo social e geográfico, uma criança a quem dizem que a criação foi espontânea, e que se deve reger totalmente por princípios existentes num livro de 2000 anos que foi escrito e rescrito milhões de vezes….qual será aquela que mais perigo trará ao seu semelhante?...

Estes fenómenos são interessantes, mas trata-se de algo simples que faz parte de uma estrutura de ‘evolução natural’ aplicada, neste caso, aos conhecimentos transmitidos quer oralmente quer textualmente … trata-se da evolução natural dos ‘memes’

Ora, sendo assim, como se poderá sequer validar a proposição de uma religião, baseada em conceitos teístas? Não se pode.

E a prova está à nossa volta. As ramificações do cristianismo atingiram no último século o seu maior expoente. Não chegam os dedos das mãos para contar quais os diferentes tipos de igrejas com as respectivas variações, e interpretações próprias, do cristianismo… a fé a seguir é aquela que nos dá jeito, ou a que está à nossa porta e os nossos vizinhos seguem… ponto final.

Até porque a definição de Deus pode ser incrivelmente difícil de se demonstrar. Será Deus um Ser, um qualquer Ente Superior? Ou será que a palavra ‘Deus’ engloba numa única definição, apenas e só as Forças e Leis Naturais em acção?... cada um escolhe o que mais lhe convêm. E é ai que reside o busílis da questão.

A religião é, no fundo, o que nós queremos que ela seja, é o que nos faz sentir seguros de nós próprios, e é a utopia onde nos podemos agarrar face à realidade crua e nua da existência humana, que começou a ser percepcionada assim que começamos a fazer questões sobre nós próprios e sobre o que nos rodeava…

A religião é a melhor ‘amiga’ do ser ‘pensante’, pois cobre os ‘buracos’ das questões irrespondíveis.

E estas respostas baseadas na ‘fé’ são e serão sempre controversas. A verdade é que dificilmente se conseguirá encontrar um qualquer tipo de conexão entre as questões de fé e os pensamentos racionalistas, não podendo, no entanto, e paradoxalmente, deixar as primeiras de serem consequência dos segundos.

Por isso mesmo é que, por mais racionais que sejamos, se torna literalmente impossível fugir a um certo nível de espiritualidade nas nossas vidas. Agora a forma da sua expressão é que se pode revelar de inúmeras maneiras. E é ai que entra esse conceito de deísmo.

Contudo, mesmo o deísmo pode não ser a resposta a muitas das questões que se colocam perante a espiritualidade de cada um. O deísmo afirma que Deus é encontrado através do pensamento racional, eliminando-se no processo qualquer tipo de dogma, fé ou lá o que as religiões impõem.

Ora esta 'filosofia deísta’ não é mais do que aquilo que referi acima: - apenas mais uma forma de religião e de fé, desta vez enquadrada socialmente no que agora experienciamos, ou seja, uma época (últimos 150 anos) de puro racionalismo.

Nada muda. Se há 10.000 anos, no inicio da civilização Humana adorávamos o sol, a Lua, as estrelas, a chuva, os relâmpagos, porque eram esses os elementos que se deparavam perante os nossos olhos e para os quais ingénuamente procurávamos explicações, actualmente, perante tanto racionalismo,surge esta doutrina que se encaixa perfeitamente num mundo (ocidental) em que, cada vez mais, o sobrenatural é visto com desdém.

Sendo assim, como posso eu afirmar-me como um ser espiritual, sem nem no deísmo me enquadro totalmente?

Bom, é simples…

…não acredito em Deus como um Ser, não o procuro porque na verdade já o encontrei e vejo-o diariamente… é verdadeiramente omnipresente… eu sou Deus, tu és Deus, tudo é uma pequena parte de Deus…

Deus é o milagre do coração que bate no teu peito e que irá continuar a bater milhões de vezes durante a duração da tua vida, sem que te apercebas… Deus é o som de uma música, como aquela que ouves neste blog… Deus é o peixe do teu aquário, ou o que nada no mar… Deus é a formiga que pisas, ou o pardal que voa ali fora, e o vento que o faz bater as asas com mais força… Deus é o pensamento que tens minuto a minuto…Deus é a moeda que tens no bolso, ou o tremoço que trincas quando descontrais num banco de jardim... Deus é o plâncton no mar que é consumido por ele próprio enquanto peixe que é... Deus é a morte e a vida…e a forma como estão relacionadas intímamente...Deus é o teu telemóvel, a tua lista de páginas amarelas, a tinta e as folhas de papel onde esta está inscrita...Deus é o pó do chão...Deus é a rocha inerte com milhões de anos, mas é também o pinheiro Pinos Longaeva, que vive à 4 760 anos junto dos da sua espécie todos com mais de 1 000 anos nas White Mountains... Deus é tudo para onde olhas, o que ouves, o que cheiras, o que sentes... Deus é o sentimento que tens quando te apaixonas, ou quando ficas a odiar algo ou alguém… Deus é a chuva, o sol, as estrelas… Deus é E=mc2… Deus é o Universo, o tempo, o espaço… Deus é muito mais do que alguma vez iremos conhecer… Deus existe nos confins do Universo, num qualquer bocado de um planeta que desconhecemos e nunca iremos conhecer… Deus é o ser vivo que existe do outro lado da galáxia… e Deus existe no pensamento desse ser que se questiona sobre o próprio Deus...

O que vês neste bocado terra em que vivemos, nestes 80 a 100 anos da tua existência, é uma ínfima, mesmo muito ínfima, parte do que é Deus, e tu, sendo parte de Deus, tornas-te numa ínfima parte dessa ínfima parte que é a Terra e o Tempo em que vivemos… se todos tivéssemos a humildade de percepcionar isto desta forma, garantidamente que seriamos uma espécie bem melhor… até porque tenho a certeza da ‘fé’ que a equação de Drake me transmite, quando me diz que somos uma das inúmeras espécies existentes no Universo que atingiu o expoente dos grandes milagres de Deus: - pensar sobre si próprio… a matéria e a energia organizaram-se para se questionarem sobre si mesmas… e isso é verdadeiramente fabuloso...

Por isso, aproveita bem o que tens em cima dos ombros e questiona-te… questiona-te sobre o que te rodeia, deixa que Deus se encontre e se conheça a si próprio através das respostas emotivas e racionais que obtêm através de ti… é para isso que existes e foi por isso que Ele te criou… e no processo aproveita e disfruta o conhecimento que obténs individualmente, mas sê humilde, porque nada significas perante o que é Deus...

...eu não acredito em Deus senão desta forma...


segunda-feira, 13 de abril de 2009

Cristianismo e outras Religiões Teístas


Decidi refazer o inicio deste post com a integração de um dos excertos mais fantásticos dos Monty Python's que, alegóricamente de uma forma super divertida, retrata, nuns minutos, quase toda a problemática social inerente às religiões teístas...

Bom...

Aproveitando o tema 'Páscoa', e após alguns acontecimentos pessoais do último fim-de-semana, decidi elaborar uma pequena tese alusiva ao tema...

...e lá ia eu todo lampeiro para escrever umas palavras sobre a minha percepção relativa ao tema 'Religiões', nomeadamente sobre as Teístas, e particularmente sobre o Cristianismo, e pimba!!!! Não é que aquele miúdo (o meu sobrinho) lá em Cambridge teve exactamente a mesma ideia??

Li aquilo para tirar umas ideias e possivelmente para rebater outras tantas mas....



...clap, clap, clap... excelente dissertação que o tipo teve sobre um tema que sempre me causou conflitos internos e ainda causa... imensos...


Claro que inúmeras outras coisas poderiam ser ditas, mas quem sabe se essas mesmas coisas não irão cair por aqui de vez em quando, e em forma de pequenos textos??


Esta coisa da religião é algo que me perturba particularmente. Há quem tenha fobia às cobras, às aranhas ou às alturas.... eu posso dizer que tenho alguma fobia a imiscuir-me pessoalmente nesses meios religiosos, não que não o possa fazer, mas perturba-me mesmo muito. Gosto, contudo, de estudar profundamente (mas ao longe!) toda a sociologia associada a este tema, que é verdadeiramente intrigante.

Na minha vida pessoal, em concreto, trata-se de conseguir encontrar um certo compromisso entre uma estrutura mental cuja construção se baseou linearmente numa forma lógico-construtiva, e um meio social ‘cristão’ onde mergulhamos diariamente naquilo que é uma ‘novela’ de contornos pouco definidos, e que utiliza a religião, paradoxalmente, como suporte para cometer os mais reprováveis ‘pecados’ em nome desta.


E entenda-se como ‘religião’ a ideologia ambígua que permite inúmeras leituras de um mesmo tema ‘ético/moral’, mas que, ao mesmo tempo, utiliza meia dúzia de premissas basilares que se utilizam para ‘atacar’ supostos erros, não os nossos, porque a interpretação dos silogismos consequentes é sempre feita à nossa medida, mas os dos outros que são sempre avaliados com o máximo rigor possível.


Comecei ontem a escrever algo de idêntico ao que o João Nuno escreveu, mas infelizmente só lá para 4ª feira é que conseguiria acabar, ou então teria de vir hoje para o trabalho e adormecer em cima da secretária...


Mas como me identifico totalmente com o que ele escreveu, vou fazer minhas as suas palavras e postar integralmente o seu texto, que acho genial, evitando assim o trabalho, por um lado, e, por outro lado, a sua acusação de plágio. AH,ah (riso do Nelson Muntz o gajo grande que bate no Bart Simpson...)


Aliás, em sequência de um antigo comentário que lhe fiz, como ele é uma consequência de mim e da orientação intelectual que lhe dei, leva a que, no fundo, essas palavras não deixem de ser também minhas... ponto final...


NOTA: As frases em itálico e entre parêntesis são mesmo minhas e servem para adicionar mais 'pimenta'...


Jesus Cristo...


Só o nome arrasta consigo uma História à qual ninguém é indiferente. Posso perguntar quem foi Alexandre o Grande, ou quem foi Carlos Magno, poucas pessoas conseguiriam dizer alguns aspectos relevantes das suas vidas. No entanto Jesus Cristo é uma daquelas figuras que "todos" conseguem indicar "por alto" o seu percurso...


Refiro-me a "todos" com alguma atenção, porque nós (portugueses) somos maioritariamente católicos (cristãos), e por vezes esquecemo-nos que a malta na Ásia que NÃO é cristã, consegue perfazer cerca de mais 3/5 da população mundial...é muita gente.


No entanto creio que não devem fugir também do ícone que é Jesus Cristo.


Falo no Sr. Cristo (Cristo não é o sobrenome de Jesus, apenas significa "messias") porque hoje foi o dia de Páscoa. O dia em que alegadamente (porque não há provas que o indicam) ressuscitou dos mortos e foi almoçar com a malta que o esperava com um belo leitão na Galileia. Após o almoço, sentiu-se mal do estômago e decidiu subir aos céus e encontrar-se com o Pai Dele, que era ele ao mesmo tempo, e foi um bocado para o estranho estar para ali sentado sozinho sem ter nem pai, nem filho para falar sobre o futebol ou as gajas na televisão.


Ainda tentou chamar o Espírito Santo, mas depois reparou que TAMBÉM era o Espírito Santo. Não chamou mais ninguém com medo de descobrir mais personalidades em si mesmo...



A história sobre este homem é poética e como ateu (ou agnóstico, dependendo dos dias) tenho que confessar a minha admiração e fascínio.


Desde a estrela que guiou os Reis Magos, da qual existem registos chineses e coreanos reais que confirmam um fenómeno estelar nos céus no ano 5 ou 6 D.C. até ao simbólico beijo de Judas na face de Cristo no Monte dos Olivais, entregando Jesus aos Romanos.


A última ceia é aquele jantar onde a conversa é mais importante que o tacho em si. Quando Jesus diz que entre eles se encontrava alguém que o iria trair... eish!... é uma premonição de uma beleza rara.


É uma autêntica tragédia, não grega porque o herói no fim ressuscita, mas tá lá quase...


Desde o caminhar sobre a água, até curar o cego, passando pela divisão (ou multiplicação?) do pão e peixe, apenas posso dizer que já vi o Copperfield voar, mas mesmo assim os truques de Cristo continuam a ser do catano. Caminhar sobre a água é de uma imaginação de topo mesmo!


A sua mensagem foi espalhada com sangue e suor durante literalmente séculos e milhões morreram sob o peso das suas palavras. Ainda hoje continua a ser espalhada pelos milhões de igrejas que existem sobre esta Terra que somam mais de mil milhões de apoiantes e praticantes, sendo uma das religiões mais bem sucedidas, se não a mais bem sucedida.


E tudo porque um tipo que nasceu há mais de dois milénios (2000 anos) atrás disse que ele era a chave para o Reino de Deus e que deveriam seguir a Sua Palavra e tal, e tudo ficava numa boa. E por isso os seguidores decidiram, mais uma vez demonstrando a nossa inteligência, que era boa ideia forçar esta crença nas outras pessoas, nem que seja à paulada. Abre-se o crânio para a crença entrar melhor.


Com esta bonita história construiu-se o que é considerado o melhor best-seller de todos os tempos. O livro mais reproduzido/traduzido em todo o mundo. A esse livro damos o nome de Bíblia. E passou a ser a espada dos oradores, os quais conseguiram seduzir as mentes menos preparadas e angariar assim milhares de milhões de fortunas e milhões de fervorosos praticantes dispostos a dar a vida pelas palavras escritas na Bíblia.


A história é bonita. Mas tem muitos fios soltos. Muuuuitos mesmo... E muitas questões pairam no ar...Recomendo vivamente um filme/documentário chamado "The God Who wasn't there" que fala exactamente com total precisão acerca dos fios soltos que referi acima. Coloca questões pertinentes e simples para nos questionarmos. Questões essas que quando feitas aos experts na área (teólogos, padres, bispos, cardeais, etc.) recebem sempre a mesma resposta: fé!





(se clicarem AQUI podem ver o documentário na integra, legendado em 'brasileiro'...)

Pois é. Esse conceito de "fé" termina qualquer discussão racional que queiramos ter com alguém.A partir do momento em que tentamos analisar a história de Jesus Cristo e todos os dogmas que a Igreja apresenta, somos parados insolentemente com essa afirmação que é a fé que traz os seres humanos mais perto do Senhor.


É como eu querer tentar compreender as Leis da Gravidade e alguém me dizer para não perder tempo com isso e simplesmente aceitar a visão de que criaturas invisíveis puxam sempre os objectos para baixo...É exactamente isto que me irrita na religião cristã. Apela a uma preguiça mental. Apela a que as pessoas simplesmente não usem a sua maior vantagem evolutiva (o cérebro) e se deixem arrastar para um estado de letargia mental e aceitarem a vida de sofrimento e agonia, com a falsa esperança de que irão estar perto do Senhor em breve.


Galileu Galilei teve que admitir perante uma audiência de juízes que tinha inventado toda a descoberta científica relativa ao movimento do planeta Terra em volta do Sol. Imaginem só, um homem inteligente, tendo na mão provas IRREFUTÁVEIS que demonstravam que a teoria geocêntrica estava errada e que era a Terra que girava em volta do Sol (heliocentrismo) e não o contrário, a negar perante um grupo de pessoas tão obtusas que simplesmente estavam dispostos a queimá-lo caso não ouvissem a resposta certa.


Imaginem o conhecimento que se perdeu naqueles anos da Inquisição. As mortes evitadas durante as Cruzadas. As mortes evitadas ainda hoje em dia...Vejam as guerras que acontecem à vossa volta nos outros países e continentes... Contem agora o número de guerras que têm como base de disputa diferenças religiosas. Concluem o quê?Eu concluo que a Religião é apenas uma desculpa usada para se disputar uma guerra que tem como base poder. Sempre poder. É uma desculpa como a raça o foi/é, como a etnia o foi/é, como tantas outras diferenças o foram/são. No entanto é uma desculpa que ainda é válida entre os países desenvolvidos.


Não digo que sem religião o mundo estaria livre de guerras, mas que estaria melhor, ai isso sim...estaria muito melhor. E para aquelas pessoas que acreditam que os valores morais são retirados da religião, convido-vos a fazerem uma pequena retrospectiva pela História e verem as Guerras que foram disputadas em seu nome, os sacrifícios que se fizeram em nome de deuses, os milhares de pessoas perseguidas e chacinadas (com especial atenção para as mulheres) durante a Inquisição e a hipocrisia do luxo do Vaticano a pregar a boa palavra da "caridade" aos pobres da plebe enquanto os seus bispos e cardeais se passeiam em luxuosas vidas reconfortáveis.


Parece que a palavra "caridade" foi retirada dos dicionários do Vaticano e substituída por "chular". Até agora tem dado resultado sendo que o Vaticano guarda nos seus cofres fortunas incalculáveis...e metade do mundo arde de pobreza...sob o olhar atento de todos nós que damos a nossa oferta à igreja local... Querem saber o que é caridade?


É ter um ateu chamado Bill Gates a doar 30 mil milhões de dólares à caridade.Ainda não é o suficiente? O homem mais rico do mundo não serve de exemplo? Pronto, pronto. Então deixem-me dizer-vos que o segundo homem mais rico do mundo, um senhor chamado Warren Buffett doou cerca de 37 mil milhões de dólares à caridade. Esqueci-me de referir que também este senhor, à semelhança do Sr. Gates, é ateu.
(neste caso acredito veemente que a caridade foi, no fundo, um acto de egoismo...eles pensavam garantidamente nos beneficios fiscais)


A negação da Teoria da Evolução na Bíblia causa-me um fascínio mórbido, e ainda mais quando vejo alguém a dizer-me que nós não podemos vir dos macacos. E acreditem que encontrei pessoas aqui em Cambridge a dizerem-me exactamente isso.


Como é que alguém no século XXI pode negar todas as provas científicas e irrefutáveis que a teoria da evolução apresenta em sua defesa? E ainda assim as trinta moedas de prata pela traição de Judas ainda me soam a poesia...Carl Sagan disse uma vez que para feitos extraordinários, são exigidas provas extraordinárias.
(foi uma frase que serviu como norma para que se possa provar a vida extra-terrestre.)


Temos que concordar com isto. Todos nós sabemos que quando aparecem aqueles bruxos que afirmam que conseguem falar com os mortos e curar doenças, nós, cépticos, queremos sempre ver provas físicas e reais antes de entregarmos o nosso bem estimado dinheiro, certo?


Para feitos fantásticos, queremos ver provas fantásticas. Isto para dizer que uma entidade que cria o Universo, o Tempo e Espaço e toda a vida na Terra merece uma explicação mais extraordinária do que uma mera afirmação que se baseia tudo em fé e que Deus faz tudo com magia.Tanta coisa podia dizer.


Desde à oração que cura doentes em que o New York Times concluiu num estudo com mais de 1.2 milhões de pessoas que a oração não faz obter melhores resultados clínicos, passando pela teoria do Russell's TeaPot e da Navalha de Occam, até à pergunta mais básica de todas que é: "Se Deus existe, porque é que há tanto sofrimento no mundo?"À qual obtemos a mesma resposta obtusa: "Porque Deus escreve direito por linhas tortas" fazendo referência a um Plano Divino Secreto.


A mim não me convence.
(a mim muito menos, principalmente depois de ter tido a experiência negativa de ter vindo para a rua numa aula de filosofia no 10º Ano, sobre teologia, depois de perguntar inocentemente ao professor:
- Se Deus é perfeito, porque é que nos fez imperfeitos, supostamente à sua imagem??
- O menino João está a gozar com a minha cara?? Vá já para a Rua!!!)


No entanto, aquele enforcamento por parte de Judas devido ao divino arrependimento ainda me fascina...


Para terminar há aquele conceito doce nos religiosos que nos dizem com toda a bondade que caso a gente não acredite nas suas crenças, uma eternidade de fogo e agonia nos esperam lá em baixo. Pois bem, meus amigos, se Deus realmente existe, creio que ele vai valorizar o raciocínio e reflexão lógica-constructiva em todos nós em vez de valorizar a preguiça mental e obdiência cega.Só Deus sabe como eu quero acreditar Nele. Mas não posso. Não consigo. Mas serei o primeiro na fila quando me apresentarem provas definitivas. Chamem-me St. Tomás, mas eu só acredito quando "vir" (entenda-se provas científicas irrefutáveis).





quarta-feira, 8 de abril de 2009

Vá para fora cá dentro

Este fim de semana, após receber a conta da avaria do carro, decidi gastar os trocos que me restavam e sair para espairecer um bocado…no fundo decidi ir 'para fora cá dentro’…um bom cliché de marketing publicitário que faz jus a ideia que o envolve…de que realmente existem coisas ‘cá dentro’ que muitas vezes ignoramos pela ideia pré-concebida que só no Brasil, Cuba, México ou Malásia é que encontramos coisas belas e fantásticas para podemos relaxar…

…pois é uma das ideias mais erradas que podemos ter…e não venham com a história de que é mais barato ir para o estrangeiro…posso até aceitar que Portugal é um dos países com o nível de vida mais caro que conheço, e que realmente fazer turismo em Portugal é muito caro… mas existem sempre alternativas económicas e merecedoras de serem exploradas, afinal trata-se do País onde vivemos…

Confesso, no entanto, que a ideia inicial era ir a Cambridge ter com o meu sobrinho e dar um saltinho a Londres, poupando uns cobres com alojamento e aproveitando umas viagens de avião baratuchas na Ryanair, o que acabou por não acontecer por diversos factores, e que até foi bom, por um lado, porque aquilo estava um pandemónio com a reunião dos G20 e com aqueles protestos malucos antiglobalização...e por outro lado, porque não contava com a despesa extra que o meu carro deu...

Por isso mesmo, o meu exemplo de fim de semana low cost acaba por ser interessante, senão reparem: 2 noites na Pousada da Juventude de Vilarinho das Furnas no Gêres e uma noite no Hotel de Cerva, mais comida e combustível = 80,00 Euros.

Claro que o meu sobrinho consegue coisas extraordinárias, mas nem todos têm tempo e paciência para andar a esquadrinhar a Internet à procura de oportunidades… E a bom da verdade nem todos pensam assim.

Infelizmente acho que o complexo de inferioridade instalou-se num grupo de pessoas que, devido à vida quase miserável que se leva de baixos incomings e imenso trabalho, aliada à falta de objectivos reais que a sociedade proporciona, não possui defesas contra a necessidade de demonstrar a todo o custo o seu sucesso através das viagens ao estrangeiro que fazem, carros e casas que ostentam…são as pessoas da minha geração e gerações subsequentes…

E para comprovar o que digo, basta dar uma volta pelos Hi5 do pessoal trintão e ver a competição que existe quanto às viagens que fazem. É uma necessidade notória demonstrar que estiveram no maior número de locais (estrangeiros) possível.

Bom, fora com as palavras, venham as imagens, apreciem (se clicarem directamente na imagem, esta abre numa definição bem melhor, sugiro isso):


Fisgas do Ermelo no Parque Natural do Alvão, perto de Mondim de Basto - Vila Real... um bom local para se fazer basejumping...uns trezentos metros até ao fundo, não existe é local para aterrar, mas como muitas vezes não se aterra...serve.

Vista matinal da Pousada da Juventude de Vilarinho das Furnas - Gêres...


Parque Natural Peneda Gêres...



Cavalos em estado selvagem no Parque Natural Peneda Gêres...


Ainda no Gêres...



Ganda Boi...ui que medo...a brincar a brincar metia mesmo respeito o bicho que andava livre que nem um passarinho mais a sua manada no meio do Parque Natural Peneda Gêres...



Vista no parque do Gêres...




Aranha numa planta ainda no Gêres...






Mata de Albergaria no Gêres...mata que foi ameaçada já este ano pelo fogo. Algo (zonas queimadas) que se viu muito neste Parque Natural, para meu espanto tendo em conta a época do ano...




E finalmente uma foto que mais parece tirada no Yellowstone, nas Montanhas Rochosas, ou no Alasca...é a barragem de Vilarinho das Furnas, também no Gêres...uma zona relativamente escondida...

Como vêem, é tudo em Portugal...foram uns dias relaxantes, e os Portugueses ainda se espantam quando a BBC faz um dos seus documentários de vida selvagem no Alentejo...

P.S. - Fotos tirada com esta máquina...para os amantes de coisas caras e de marca, vejam bem como podem poupar os tais 80 euros para uma saida se não comprarem uma Sony...

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Estado de Coma de um grande amigo II - Recuperação

Como já vos tinha dito há uns dias atrás, o meu querido VW Polo sofreu a sua primeira ‘doença súbita’… a junta da cabeça do motor acabou por se render à sua idade e deixou passar água para um dos cilindros, provocando o sobreaquecimento do motor.

Felizmente percebo um pouco dos ‘sintomas’ das diferentes ‘doenças’ que podem afectar um automóvel e não deixei que o sobreaquecimento fosse em demasia e causasse qualquer tipo de destruição no motor e componentes.

Hoje lá fui eu buscar esse velho amigo que teve ‘alta’ da sua maleita, ainda com uns 'pontos', que daqui a 1000 Km serão retirados… para muitos isto é chinês, mas o que eu quero dizer é que a junta foi substituída e a cabeça do motor apertada, mas terá que ser reapertada daqui a mil kilometros após ‘acamar’… nos carros mais recentes esse reaperto não é necessário devido aos parafusos com auto afinação.

Acabei de fazer 60 km e aparenta estar tudo bem. Amanhã vou para Coimbra na auto-estrada e vamos fazer o teste final… aquecimento e compressão … se nada se verificar de errado, penso que esse meu 'amigalhaço' tem mais uns 250.000km pela frente!!

Para muita gente pode parecer parvoíce manter um carro com 21 anos...mas sejamos racionais: um carro que, durante estes anos todos, apenas teve duas verdadeiras avarias, sendo a primeira assinalada pela luz vermelha do alternador por causa de umas escovas gastas, o que, apesar de tudo, não fez o fez parar e custaram a módica quantia de 20 euros, e agora esta, mais grave é certo, que finalmente me deixou a pé e fez parar o carro por três dias, mas cujo arranjo será aproximadamente o gasto de duas prestações de um carro novo!? ... porquê o atirar para a sucata com esta fiabilidade e fazendo-me evitar o sorvedouro de dinheiro que um automóvel novo cheio de electrónica produz??

Sim, concordo com a ideia que se calhar não é muito in andar num carro velho, apesar do aspecto de bem tratado... mas se quiser ir a um casamento, ou a uma outra situação em que necessitarei de 'parecer bem', vou a Interrent e alugo um carro novo e bonito pela simples quantia de 8,20 Euros ao dia (preço final) que foi o que paguei pelo Seat Ibiza novo com ar condicionado e jantes especiais que usei enquanto o 'velhinho' estava no 'hospital'...

...é uma questão de racionalização, pura e simples...

...para viagens longas? levo o VW sem pestanejar...é o mais fiável para longas viagens, e já o provou na ida a Holanda, a Espanha e às imensas viagens ao Algarve, Lisboa, Porto, Coimbra...etc, etc....

Em todo o caso, obrigado por todos os que torceram pela recuperação deste grande 'amigo', que vos fica em dívida... e quanto ao João Nuno, bem esse meninino vai ter de se conformar com um tio semítico e ter de continuar a andar no carro velho dele...

Entretanto, para quem tem curiosidade por carros e pela história destes, deixo-vos com este link (em inglês) onde poderão verificar que o Polo MkII, produzido entre 1981 e 1990, com o facelift de 1990 a 1994, foi um dos carros, desta gama, que mais durabilidade demonstrou até hoje, tendo, inclusivamente, sido dos carros mais bem construidos à época...algo que comprovo ainda hoje comparando os materias usados nos carros mais recentes, que têm muitas 'mariquices' giras, mas de pouca durabilidade, qualidade e má construção.