quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Premissas e Silogismos...


Há uns tempos atrás (1 ou 2 semanas) o João Nuno – meu sobrinho – que se encontra em Cambrigde a estudar e a fazer investigação na área da Biologia, lançou um post no seu Blog sobre uma conferencia a que assistiu, do Professor Denis Noble da Universidade de Oxford, que o fez reflectir sobre algumas conclusões que, pensava ele, já tinha como obvias.

Essas conclusões tinham a ver com a forma como somos ‘regidos’ pela nossa essência molecular, ou seja, pelos nossos genes, de acordo com uma teoria que Richard Dawkins divulgou e expandiu no seu best seller o ‘O Gene Egoísta’ em 1976, uns anos antes do puto nascer, e poucos depois de eu ter nascido.

Apesar de controverso, este ensaio, lançou alguns conceitos interessantes, nomeadamente o conceito de meme que seria uma tentativa de explicação dos últimos estágios evolutivos, no que concerne à propagação dos dados de carácter evolutivo de uma determinada população de individuos, anteriormente transmitidos apenas pela nossa informação genética (dados internos), e que basicamente é a equivalência dos dados externos ao gene.

Curiosamente, parece que o próprio Mr. Dawkins, uns anos depois, assumiu alguns exageros na sua tese, nomeadamente no que diz respeito à ‘escravidão’ a que supostamente estávamos sujeitos perante o Gene.

Bem, o rapaz entrou em BrainStorm perante as novas ideias que agora ouvia, de certa forma, opostas à premissa de Dawkins. Perante este confronto de ideias questionou-se de qual o juízo correcto e se alguma vez se iria conseguir chegar à conclusão de qual seria a fórmula verdadeira.

Ora, vendo eu o miúdo em ‘pânico’ decidi enviar-lhe um comentário que, ao contrário do que se poderia esperar, o confundiu ainda mais, ou não fosse eu um bocadinho perverso no que diz respeito ao pensamento racional. Talvez assim ele conseguisse colocar mais lenha na fogueira que era aquela cabeça...quanto mais dados, mais possibilidades de chegar a conclusões, desde que organizemos esses dados em úteis e inúteis...

Passo a escrever partes do meu comentário....para o ler na integra é só utilizar os links inseridos no texto:

Bom, mas quanto à história do que é a premissa verdadeira ou falsa, digamos que cheguei a um epílogo há muito tempo, por simples observação empírica das conclusões a que muito académicos em grupo, ou individualmente, chegam após estudos aprofundados de temas comuns… a premissa que mais perto se encontra da verdade é que todas as hipóteses (sérias), por mais inverosímeis que possam parecer, tem um pouco de fundamento na conclusão final do estudo… por alguma razão é que a preposição cartesiana e darwinista de que o erro é o bloco de construção da evolução ainda não foi refutada, e é observável diariamente…

A verdadeira ‘premissa’ das coisas está na unificação das ideias que emergem da multidisciplinaridade, quer das ciências, quer, fundamentalmente, dos pensamentos do Homem…

Não sou possuidor da verdade, mas tenho o palpite, mais ou menos experimental, que a verdade das coisas é relativa, dependendo do ponto de vista do observador, e que a organização dessas mesmas coisas obedece a um princípio de base comum: a aleatoriedade… Aleatoriedade essa, que se torna mais organizada quanto maior for a complexidade do sistema, pela própria definição de complexidade.

Um conjunto de muitos mecanismos aleatórios de pequena escala, tendem a formar um sistema complexo mensurável, que por si se torna, em conjunto com outros, em sistemas cada vez mais organizados e cuja quantificação se torna mais fácil…

As coisas, a forma como se organizam e evoluem, tem na verdade muito em comum umas com as outras…

Tudo para dizer o quê? Que na verdade, a ‘verdade’ das coisas, só é atingível se obtermos e utilizarmos dados sobre sistemas e organizações que por vezes não são considerados na elaboração de teorias finais. E isto deve-se, em parte, à arrogância própria do Homem.

Se conseguirmos percepcionar e compreender, mesmo que a uma escala generalista, o funcionamento de vários sistemas diferentes, será possível retirar elações dos traços comuns a todos e utilizar esses traços como as tais premissas verdadeiras, podendo-se assim chegar aos silogismos lógicos do estudo.

1 comentário:

johnnie walker disse...

ahahah...tou a ver que as ideias ainda rolam por ai por portugal...que grande discussao que eu assisti com o prof Noble..e o melhor ainda foi o brainstorming que dai resultou...catano...

Gostei do meu post, gostei do teu comentario (por isso eh que o tornei em post) e gostei desta continuaçao...xelente...agora eh so fazer avo lidia ler isto e pimba..ela ja fica no caminho certo...

Devo acrescentar ainda que a Teoria do Gene Egoista nao foi criada por Dawkins...ele divulgou e popularizou a teoria, mas nao a criou. Criou sim a teoria dos Memes...esse conceito foi criado por ele...

Sem mais nada para dizer...

fui