sábado, 21 de novembro de 2009

MURO DE BERLIM, breve história do século XX - IV Parte



precisamente 20 anos atrás vivia-se em todo o mundo um clima de euforia política... euforia causada pela destruição da Cortina de Ferro e pelo consequente desmoronamento do bloco Soviético…

No dia 9 de Novembro de 1989, foi deliberado numa reunião de emergência da Volkskammer (a Câmara do Povo - o politeburo Alemão) a abertura lenta e controlada das fronteiras entre a RDA e Alemanha Ocidental...

Essa decisão decorre de um determinado número de acontecimentos que tomaram o efeito de bola de neve culminando com o fim de uma estrutura geopolítica mundial de que o Muro de Berlim foi ícone.

A mudança começa a tomar forma, em 1980, com a legalização do movimento sindical Solidarność (Solidariedade) de que Lech Walesa é a figura principal.

Mas só com a morte de Konstantin Chernenko e a subida ao poder de Michael Gorbachev é que a verdadeira mudança começa a ganhar ímpeto a partir do próprio cerne da estrutura Soviética.

Na realidade, a mudança só poderia ocorrer se tivesse a sua origem no núcleo do Bloco, e foi isso que aconteceu. A estrutura montada pela União Soviética pós II Guerra Mundial, aliada, à ideologia Leninista colapsou sobre o peso de si própria. Essa estrutura não poderia mais manter os elevados custos militares que a Guerra Fria impunha e que garantidamente a levaria em poucos anos à ruína económica.

Gorbachev sabia disso, e apresentou um novo conceito e caminho político, com a Perestroika e a Glasnost – o princípio do fim do Bloco Soviético.

Com a retirada das tropas russas dos países anexados atrás da Cortina de Ferro, dá-se a liberdade aos povos desses Países de se ‘rebeliarem’ sem os receios, que ainda estavam bem presentes, da invasão da Checoslováquia provocada pelo movimento Primavera de Praga, em Agosto de 1968, ou com o esmagamento da revolução Húngara de 1956, País que iria ser fundamental na queda do Muro de Berlim, ao abrir as suas fronteiras com a Áustria em 1989.

Com essa retirada, pela primeira vez, em 28 anos, a população da RDA sentiu que poderia mudar definitivamente o rumo da história… durante meses, e em crescendo até 9 de Novembro de 1989, a Volkskammer e o seu líder irredutível às mudanças até ao ultimo dia do seu mandato, Erich Honecker, assistiram impunes ao êxodo da sua população para o ocidente, através do antigo aliado Hungria que viria a abrir as suas fronteiras com a Áustria, para que esses milhares de Alemães de Este pudessem ir ao encontro da liberdade, dos seus amigos e familiares que, 28 anos antes, tinham ficado do lado ocidental…

Entretanto na Cidade de Leipzig, na RDA, crescia o grupo Espadas em Arados, que desde há 10 anos se reunia todas as 2ªs feiras para rezar pela liberdade, liderados pelo padre Christian Fuehrer… esse grupo acabou por se tornar uma enorme mole humana que rodeava o quarteirão onde a igreja se situava. Era uma actividade que apesar de monitorizada pela Stasi, a policia secreta Alemã, nunca viria a ser reprimida pelo governo, por todas as conotações negativas que teria uma repressão sobre um grupo religioso pacífico. Mais tarde Sidermann Willy, sucessor de Erich Honecker, afirmava que nunca esperariam que as mudanças se operassem nas Igrejas com velas e orações, contra isso nada podiam fazer.

Em Outubro de 1989, o golpe final foi dado com a visita à RDA de Gorbachev, que, ao desfilar pelas ruas, era aclamado por milhares de pessoas com palavras de ordem como “Gorbi ajuda-nos!” … esse pedido foi ouvido e em declarações pontuais à imprensa, afirmava que “só os cegos não vêem a mudança”… referia-se a Erich Honecker, que, por sua vez, foi destituído do poder pelos seus pares por “razões de saúde”…

E chegados a 9 de Novembro, após a reunião da Volkskammer, a situação precipitou-se perante a entrega do anuncio formal da decisão tomada, ao Chefe do Partido Comunista de Berlim Este, Guenter Schabowski, que inicialmente não estava para ir à dita reunião.

Schabowsky perante as câmaras de televisão e em directo tira um papel de apontamentos do bolso e afirma, meio sem certezas do que estava a dizer, que a decisão de abrir as fronteiras, com total livre circulação, tinha efeitos imediatos…

Imediatos foram os efeitos dessa notícia na população Berlinense que se dirigiu para as ruas, rumo a Berlim Ocidental, perante guardas de fronteira atónitos, face ao desconhecimento da decisão real da Volkskammer e face à multidão que se acumulava junto aos seus postos. O receio de todos foi de que estes guardas, cujas ordens anteriores era de atirar a matar a quem tentasse atravessar a fronteira sem autorização, cometessem um banho de sangue… mas tal não aconteceu, talvez pelo seu igual cansaço da situação politica que todos viviam, ou talvez pela Razão que acabou por se apoderar dos seus pensamentos.

O resto, a partir dessa noite, é história…

2 comentários:

johnnie walker disse...

Um texto brilhante...

É isto que falta às pessoas:
Educação!

Continua!

johnnie walker disse...

cum catano...

e escreves qualquer coisa?!?!?!