sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Civismo e Cidadania...

“O termo CIVISMO, refere-se especificamente às atitudes e comportamentos que no dia-a-dia manifestam os diferentes cidadãos na defesa de certos valores e práticas assumidas como fundamentais para uma vida colectiva de modo a preservar a sua harmonia e melhorar o bem-estar de todos o seus membros.”


“O termo CIDADANIA, define o vínculo que liga os indivíduos a um Estado, e se corporiza num dado estatuto jurídico-político, que lhes confere um conjunto de direitos e deveres.

Entre os deveres de qualquer cidadão, aquele que possui uma dada cidadania, está o dever de participar na vida da sua comunidade contribuindo por todas as formas ao seu alcance para a manter e melhorar.”


Estas são definições – civismo e cidadania –, que estão a desaparecer da consciência social.


Infelizmente, sinto-me obrigado a elaborar um comentário sobre isto, pois considero que são palavras em desuso no nosso país.


Existem inúmeros exemplos que posso dar sobre faltas de civismo desde os estacionamentos em cima dos passeios e à frente das portas de garagem, ao fumar junto de pessoas que não o fazem, bem...vocês conhecem certamente tantos casos como eu.

Há uns dias atrás em conversa com uma amigalhaça, verifiquei que o nível da falta de civismo é particularmente grave.


Acontece que na semana passada, essa minha amiga, ao sair do trabalho, tropeçou e estatelou-se no chão, partindo inclusivamente um pé... devido à hora tardia, não existiam pessoas por perto, excepto uma senhora dentro de um carro que ao ver a cena riu-se (quem não o faria?) mas ao verificar que a situação era um pouco mais grave, simplesmente virou a cara...


Encontro com alguma frequência situações deste género, em níveis piores ou menores de gravidade... e nem eu estou imune à selvajaria ...


Costumo fazer 30 Km de bicicleta diariamente e ontem aconteceu-me mais uma situação que poderia englobar na falta de civismo existente por ai... neste caso diria mais: Selvajaria...


Nessas voltas passo sempre por uma rotunda de 3 faixas de rodagem com tráfego intenso.

Para evitar entrar na rotunda utilizo uma faixa clicável que se encontra nos passeios e que desemboca nas passadeiras que atravessam as vias de acesso à rotunda... o que não deixa de ser curioso, face ao que preceitua o Código da Estrada: - não é permitido circular de bicicleta em vias pedonais... e ao que parece, a passadeira é uma via pedonal.


Acontece então que, para atravessar a via, teria de sair da bicicleta e atravessa-la à mão pela passadeira...

...ora, por uma questão de lógica e para não criar embaraço no trânsito intenso com o atravessamento lento e a pé de duas faixas de rodagem, obviamente que não o faço.

Simplesmente atravesso a passadeira, em 2 ou 3 segundos, em cima da bicicleta até ao outro lado onde se encontra a via clicável. E ontem, voltei a faze-lo.

Por norma, aquela hora, existe sempre uma fila acentuada de carros para entrar na rotunda, e por norma também, ninguém respeita a paragem antes da passadeira, ficando sempre carros em cima da mesma, prejudicando a passagem de peões de um lado para o outro.

Normalmente tenho que aguardar que alguém me ceda a passagem, pelas razões apontadas (atravessar na bicicleta), mas quando o trânsito está parado, costumo forçar a passagem por entre os carros.

Ontem, a coisa ia correndo mal... uma senhora (que se calhar era a mesma que virou a cara à minha amiga) não satisfeita com o seu dia, decidiu tentar atropelar-me quando viu que ia a passar de bicicleta na passadeira.

Ora se a mulher estava parada antes da passadeira, à espera que os carros avançassem, porque razão é que de repente lhe passa pela cabeça acelerar contra mim a buzinar e a berrar que nem uma c#br$????

Poderia lhe assistir toda a razão do mundo, mas esqueceu-se da agressão física que estava prestes a cometer...

Na realidade o Código da Estrada em Portugal é uma verdadeira aberração no que diz respeito à circulação de bicicletas... pura e simplesmente são subvalorizadas não tendo quase qualquer tipo de prioridades a nível de trânsito, ao contrário dos restantes estados membros da Comunidade. Aliás, o Código da Estrada pouco faz referência às bicicletas a não ser na atribuição de algumas multas...

Por uma questão de civismo, primeiro, e de cidadania, depois, deveria a senhora ter tido um comportamento condizente com uma cidadã e não condizente com uma terrorista selvagem.

O facto de uma Lei ser omissa e/ou negligente quanto a utilização, neste caso, de um meio de transporte que deveria ser, a meu ver, um dos mais privilegiados por tudo que significa a nível ambiental; esse facto, dizia, não deveria ser causa de um qualquer cidadão, per si, não actuar civicamente perante tais falhas legais, e, em termos de cidadania, de não lhe assistir o dever de tomar uma atitude em prol do desenvolvimento de atitudes que promovam a melhoria da sociedade em que vive.

Ora, são este tipo de atitudes negligentes que me enojam particularmente. E porquê? Porque para além destas pessoas, (que cada vez são mais), não terem, elas próprias, um pingo de cultura cívica e de cidadania, estão a transmitir essa atitude selvagem aos filhos.

E são esses filhos, esses pirralhos selvagens que hoje abundam pelas nossas escolas, com atitudes parvas de falta de educação para com os professores que, infelizmente, se vêem actualmente impedidos de imporem a sua autoridade sujeitos que estão quer a processos disciplinares, quer a violência física por parte dos familiares... no meu tempo, se fosse fazer queixa de um professor ao meu pai, estava sujeito a levar uma coça ainda por cima.

Os professores são educadores, e por definição, deveriam ter a capacidade de autoridade sobre esses meninos mal comportados, e deveriam ser apoiados por todos nesse sentido, inclusivamente pelo próprio Estado.

E é o próprio Estado, ao desprestigiar o indivíduo criando legislação cada vez mais orientada para as questões económicas, como é o caso óbvio dos Professores, que promove a destruição da consciência social de civismo e cidadania, de que eu próprio me considero actor (ver post Questões de Voto”).

É alarmante verificar-se a inexistência da formação cívica e de cidadania junto dos mais novos, quer ao nível familiar, quer ao nível da educação formal nas Escolas por imposições governamentais de influência económica.

Estamos a criar uma sociedade que se irá desagregar pela falta de cidadãos capazes de uma convivência de respeito para com o seu semelhante.

1 comentário:

johnnie walker disse...

"30 Km de bicicleta diariamente"

humm...