quinta-feira, 1 de outubro de 2009

..Questões de Voto... resposta a provocação...


Este post teria obviamente de acontecer, depois da facada que o meu rico sobrinho decidiu dar nas costas do seu tio, neste comentário do seu blog. ... já não há respeito.

Por isso, se não estão em onda de longas leituras, desliguem e passem a fazer outra coisa, pois este post é exclusivo para dar porrada no miúdo, sendo por isso muito loooongoooo!!!

Para começar, meu querido sobrinho, será de referir que a utilização que fizeste de comentários e citações espaçadas e sem serem contextualizadas, carecem de qualidade de interpretação...

Não vou discutir que tipo de sistema governativo será o melhor. Até porque considero a política actual muito aborrecida.

Qualquer um de nós já comprovou e observa diariamente que o sistema democrático não funciona actualmente, ponto final.

E repito: PONTO FINAL.

E se não funciona não é porque o povo não decide...o povo decide, mas apenas decide se se deve rodar novamente as figuras que estarão no poder durante 4 anos. Já as ideologias, essas, não são escolhidas, pois deixaram de ser diferenciadas de partido para partido.

O que se anuncia em campanha é demagógico e nunca será posto em prática na sua grande maioria, pois é literalmente impossível.

A democracia resume-se a ir votar, deixando-nos com a ideia que, ao escolher a força política que queremos no governo, conseguimos alterar substancialmente a nossa vida.

ISSO JÁ NÃO É UMA VERDADE.

E só o seria se fôssemos um País isolado, senhores de si próprios, se não estivéssemos inseridos em estruturas continentais (CE) ou globais (Globalização da Economia de Mercado).

Votar é como ir ver um jogo de futebol. Se a nossa equipa ganha, ficamos contentes, se perde, tristes, e no final do dia vamos para casa e no outro dia vamos para o emprego... se tivermos sorte não somos despedidos, independentemente da equipa que ganhou no dia anterior.

Nada se altera, e nada se alterará.

As pessoas que vão para a política têm que se associar a um partido político e subir a escada nesse partido. Invariavelmente irão ser corrompidas, caso contrário não sobem.

E este é UM dos problemas do sistema democrático actual, a hierarquização política com base no poder.

Para além de ser um sistema altamente hierarquizador, que se compatibiliza totalmente com as estruturas de poder de uma sociedade reguladas que são por factores económicos, o liberalismo em que estamos imersos não permite a formulação de politicas verdadeiramente sociais que implicam na maioria dos casos a criação de regras repressivas e antieconómicas.

O MAIOR PROBLEMA do sistema democrático actual, é que está inserido numa economia de mercado global, que utiliza sistemas monetários, e pela qual são estabelecidas as regras fundamentais.

Nestes tempos de crise financeira mundial foi frequente, no seu início, ouvir diversos governantes, de outros tantos países ocidentais, afirmarem que já não seria possível cairmos em crises como a de 1929, pois os actuais mercados tinham uma capacidade inata de se auto regularem.

Muitos especialistas, pelo contrário, sabiam há muito tempo que isso não era verdade devido ao factor humano (‘ganância’). Foi o caso de Nouriel Roubini Professor de Economia da NY University, que inclusivamente foi gozado numa conferência em 2006, quando descreveu de uma forma premonitória os acontecimentos que nos anos seguintes ocorreram. (NY Times)

Acontece que esses especialistas nunca foram tidos em conta num mundo onde o crescimento económico e o aparecimento de grandes fortunas individuais eram um facto. Nouriel Roubini era um economista com grandes créditos académicos, mas pouco conhecido. De repente, tornou-se um supra-sumo da economia e é reconhecido por todos os sectores financeiros e económicos.

Será sempre necessária uma catástrofe para se mudarem atitudes.

A verdade é que se as pessoas se desmarcaram de intervir com o seu direito de voto, foi, em parte, porque os governos se desmarcaram de intervir na economia não criando as regulações necessárias e deixando o ‘monstro’ à solta. E apesar de no início desta profunda crise económica e financeira, todos os governos, em uníssono, terem afirmado que essas regulamentações seriam obrigatórias daqui para a frente, a realidade é que as coisas estão a caminhar para a normalidade habitual...até à próxima crise.

Portanto:

Não se trata de pessoas, trata-se de atitudes sociais e dos obstáculos económicos, que todos reconhecem ser um problema, mas poucos decidem trabalhar para o resolver determinantemente.

Venham os Governos de maioria que vierem, os de minoria e as coligações que forem precisas, mas não haverá solução para o problema neste momento, porque, sublinho, porque, ainda não é um problema catastrófico que atinge toda a sociedade, nomeadamente a sociedade de topo.

Vivemos numa sociedade econocrata, assente numa sistema de preços que funciona com base na escassez. É a escassez de alimentos, de conforto, de luxo, que promove o trabalho.

A filosofia milenar do sistema de preços teoriza que o trabalho intenso deveria ser pago intensamente também, podendo-se então, através dos ganhos obtidos com esse trabalho, adquirir-se os serviços, bens, e produtos mais escassos e por isso mais caros – lei básica da oferta e da procura.

Mas isso é a teoria.

A verdade é que a escassez de bens e produtos é uma artificialidade da economia e do sistema de preços. Se não houver escassez de um determinado produto, não existe um preço associado que garanta lucros à empresa que produz esse produto. (pouca oferta= preços mais altos)

Um dos exemplos mais marcantes actualmente é o do software informático. Ao lançar-se um software, o preço de produção desse produto reside única e simplesmente no trabalho inicial. As cópias subsequentes não constituem um dispêndio de recursos adicionais que sejam mensuráveis economicamente. No entanto, criaram-se regras para que isso não aconteça, como é o caso dos direitos de autor, e das patentes, que agora até já abranjem a descoberta de genes...vejam só.

Outro exemplo é o da indústria automóvel. Com o crescimento económico e a necessidade de um cashflow cada vez maior, as gamas automóveis passaram de 8 anos de vida útil para os 2 anos até ao surgimento de uma nova gama. Isso ocorre porque a produção de um mesmo veículo e respectivas peças não cria lucros suficientes a partir do momento em que começem a existir no mercado muitas peças e veículos iguais, mesmo em 2ª mão, já que estes fazem descer os preços pela concorrência inerente ao facto de não haver escassez de produto. Ao criar-se um novo carro ir-se-á obter lucros ‘frescos’ com a produção de engenharia e design de novos componentes, não só na marca, mas em todas as empresas associadas à produção de um automóvel.

Poder-se-á pensar que isso é positivo, mas na verdade não é. Além do desperdício energético e ambiental associado, as empresas especializadas na fabricação do automóvel anterior irão desaparecer perante a concorrência de novas empresas mais especializadas no novo veiculo, que, por sua vez, terão o mesmo destino no final da gama. Exemplo: AutoEuropa. Por pouco não fechou quando a produção dos monovolumes terminou. O ESTADO interveio e resolveu-se a situação por mais um período de tempo de uma gama.

E isto aplica-se a todos os produtos actuais, cuja duração de produção útil é muito curta (99% deles...pensem num que dure mais do que 2 anos...encontram? Talvez só os Navios e os Aviões de Guerra...ah, esperem os Space Shutles também...)

Na realidade este tipo de crescimento económico baseado no sistema de preços que, por si, é baseado na premissa que o homem é ganancioso por natureza, mas que na verdade potencia essa mesma ganância entrando-se em círculo vicioso, arrasta o sistema social de qualquer País, desde o seu indivíduo às mais complexas organizações governamentais, para uma necessidade cada vez maior de maiores somas de dinheiro para funcionarem, mas com a capacidade de gerar empregos suficientes, e respectivos impostos conseguidos através desses postos de trabalho, seriamente diminuída.

Com a implementação da escassez artificial, ocorrem os fenómenos negativos que todos reconhecem mas poucos sabem a sua origem real: - O desemprego por fecho das unidades de produção, o desperdício energético e ambiental pela política do usar, deitar fora e comprar novo, a redução da população por impossibilidades financeiras de criar filhos (ocidente), a pobreza de muitos em detrimento de poucos (países de 2º e 3º mundo em particular, e mesmo nos países ocidentais em menor escala mas sempre a crescer), entre outros problemas sociais actuais.

Existem grupos de trabalho que já verificaram que o planeta e a população humana possuem recursos suficientes, mesmo actualmente, para que todos possam viver confortavelmente sem desperdícios energéticos e com eficiência ambiental. O único problema é livrarmo-nos da economia baseada num sistema de preços que nos acompanha desde a aurora da civilização... é algo mesmo muito arcaico!

Como podem verificar, é um sistema político/económico/social que garantidamente já não faz sentido... é um beco sem saída social, que promove conflitos, pobreza em mais de 2/3 da população humana e, acima de tudo, é redutora do Ser Humano.

E não o afirmo porque me apetece, afirmo-o porque olho à nossa volta. Basta colocar-nos numa perspectiva de observadores para verificarmos as taxas sempre altas de desemprego, independentemente da época de crise ou não, as Seguranças Sociais em falências técnicas, os défices elevados devido a orçamentos de estado cada vez mais sorvedores de dinheiro (por muito que se reduzam os custos), que obrigam os Governos a terem os seus Países constantemente com o cinto apertado, e por ultimo, a necessidade de criar ‘dinheiro virtual’ com a especulação e os investimentos de risco, que acabaram por levar a uma crise económica/financeira de nível mundial.

Mas para que fique bem claro:

Nada disto que estou a relatar é novo. Em 1918 surgiu uma teoria social para uma sociedade baseada em trocas termodinâmicas (leram bem: baseada na 2ª lei da termodinâmica e não em trocas monetárias!), elaborada por engenheiros que se depararam com a ineficiência dos trabalhadores que os obrigava a constantes ajustamentos e metodologias de trabalho. Essa nova ideologia social ganhou forma, e um grande número de apoiantes na classe científica, posteriormente nos anos 30 do século XX, devido em grande parte à crise financeira de 29.

Chama-se Tecnocracia.

Na sua forma pura é uma utopia futurista, dificil de concretizar, e talvez por isso utilizada frequentemente em sociedades de obras de ficção científica de autores como H.G.Wells e Gene Roddenberry’s (Star Trek).

Mas na sua forma democrática mais realista e adaptável ao mundo humano, é sem dúvida uma opção a considerar ao sistema social actual, e a meu ver, muito melhor e mais eficiente.

Acredito também piamente que um qualquer sistema de governação, deverá sempre passar em primeiro lugar pela vontade do povo e a Tecnocracia permite a democracia sem partidos políticos e sem individuos com interesses pessoais e de grupo.

Neste momento, estamos num esquema econocrático em que as estruturas de governação são limitadas pelas características económicas da sociedade. Não faz grande diferença o partido em que se vota e por conseguinte, não faz grande diferença sequer uma deslocação a uma urna de voto.

Mas mesmo assim, continuamos a ouvir as diferentes classes politicas a orar sobre as suas ideológicas e promessas, sabendo-se logo à partida que tudo é demagogia apenas e só, e que nada podem fazer perante a estrutura existente.

E no momento em que alguém decide contrariar o estado das coisas, (Obama) é impedido pelo grupo, pela impossibilidade económica, chamado de ingénuo ou de tirano se utilizar a força para implementar regras bem definidas.

E esse é o grande problema dos sistemas democráticos actuais.

O povo já compreendeu a inutilidade básica que é votar, por isso já nem se preocupa.

Criou-se um sistema apático, inerte, onde o que é importante é a procura a todo o custo do protagonismo e do bem-estar individual nem que seja em detrimento do nosso semelhante, muitas vezes amigo ou mesmo familiar, e eliminatório do Hedonismo.


1 comentário:

johnnie walker disse...

Estou a recarregar o meu canhão...

O tiro não será ainda disparado hoje nem provavelmente amanhã, porque a distância e a precisão requerem bastante concentração e tempo...

mas vou tentar colocar ainda antes da nossa "reunião politica" de sábado a noite em que eu terei que dar a provar a minha comida a outra pessoa, só para me assegurar que não está envenenada ou assim...

Ainda não li o teu post porque merece concentração e tempo (coisa que agora neste momento não tenho) mas irei ler amanhã...porque convêm saber que argumentos tens aqui que eu possa usar em meu benefício e até já encontrei assim um ou dois que já posso usar.

Mas que ganhe o melhor (argumento)

(i.e. o MEU)

ahahahahahahahahahahahahahahah