quarta-feira, 20 de maio de 2009

Money, Get Away...

Money, get away...já lá diziam os velhinhos Pink Floyd no seu tema 'Money' do Dark Side of the Moon em 1973...eram nascidos nessa altura? Eu tinha acabado de aparecer neste mundo, mal sabia o que tinha pela frente...

Enfim.

Não sei porquê, existem fases em que as ideias não abundam, ou melhor, elas até aqui andam, mas a preguicite atinge-nos de uma forma que não nos deixa transmiti-las para o teclado...

Mas há uns tempos atrás recebi um e-mail daqueles que andam para ai entre as nossas caixas de correio, como elefantes a saltitar de nenúfar em nenúfar... daqueles: - Passe este e-mail a mil pessoas, caso contrário cair-lhe-á um meteorito na cabeça....

Bom, esses e-mails são os melhores para nos colocarem com um sorriso nos dentes depois de verificarmos que o e-mail da nossa amiga ou amigo, de quem nunca duvidaríamos intelectualmente, aparece nas Copy Carbon (Cc) preparadíssimos para entrarem nas listas de spam de mais uma empresa maldosa...

Existem outros e-mails que são verdadeiramente borings, falo dos power points cheios de flores e gatinhos amorosos, que miam e tudo...por amor de Deus... se fosse dono da Microsoft, na próxima versão do Office colocaria um filtro qualquer no PowerPoint que bloqueava o envio por e-mail de qualquer ficheiro que tivesse mais do que um gato ou uma flor, ou um Senhor Jesus Cristo...

Mas por vezes aparecem e-mails, que à primeira vista nos parecem mesmo lógicos. Só que, depois de reflectirmos um pouco, deixam transparecer uma certa ideologia Socialista Radical que nada tem de racionalidade...

Neste caso, alguém decidiu fazer umas simples contas de cabeça quando o Governo Federal dos Estados Unidos decidiu injectar na economia cerca de 700 mil milhões de Dólares, ou algo perto desses valores, para salvaguardar as asneiras dos seus ‘ricos’.

O autor desse e-mail simplesmente dividiu o valor pelo actual número de habitantes na Terra e chegou a ‘incrível’ conclusão que seria possível atribuir aproximadamente 100 dólares a cada pessoa da Terra, e que se, apenas esse valor, fosse ‘apenas’ dividido pela população americana seriam 2500 Dólares a cada um, desde o bebe recém-nascido, ao velhote decrépito com os pés para a cova, o suficiente para estimular a economia para os níveis normais....

Nesse e-mail referiam-se outras somas astronómicas que anualmente o Governo Americano injecta nos seus diversos orçamentos, nomeadamente no militar, e concluía-se que a riqueza está mal distribuída, sendo possível tornar ricas todas as pessoas do Planeta, caso os lucros das grandes empresas e os orçamentos dos países fossem distribuídos por todos...

À primeira vista, a ideia é aliciante, mas depois de reflectir ‘apenas’ um pouco, surge a questão:

- depois de todos nós estarmos ricos com dinheirinho no bolso para comprarmos um excelente carro e irmos para os melhores hotéis, quem estaria disponível para montar o carro na fabrica, ou quem estaria disponível para nos servir no bar do hotel, ou para nos limpar o quarto desse hotel?

Pois...seria uma situação gira de se ver e, de repente, o dinheiro deixava de valer o que vale, a inflação dispararia, milhões de euros valeriam então apenas alguns (lembram-se da Lira Italiana? 5000 mil liras eram para ai 100 escudos!!) e a tendência seria sempre a mesma.... é disto que se trata a economia... de haver muito pobres a produzir bens por necessidade de sobrevivência, bastantes meio pobres e meio ricos a consumir imenso, para que os poucos muito ricos possam gozar a vida com o dinheirinho de todos, e que acaba em parte por ser distribuído, por estes ultimos, por todos os restantes através de salários nas suas empresas. É o ciclo, não da água, mas do dinheiro.

Só assim é que é possível existir equilíbrio económico...e é esse equilíbrio que se visualiza em alturas de crise e de crescimento...

Ora bem, então, de uma forma muito simplista e divertida de ver as coisas, as crises acontecem quando os ricos, ávidos de coisas melhores que os seus amigos ricos, começam retirar do circuito normal económico, cada vez mais rendimentos para si num período de tempo curto, colocando cada vez mais dinheiro do seu lado e retirando cada vez mais dinheiro aos grupos seguintes que, por sua vez, deixam de ter capacidade de consumo, mesmo com créditos, sobre créditos, e que, por conseguinte, retiram rapidamente esses tais lucros adicionais aos ricos por falta de produtividade das suas empresas, que, por sua vez, com medo de caírem no grupo abaixo, fecham os seus cofres e logo as suas empresas que gastam o restante ‘pé de meia’ que têm, o que, por sua vez, acaba por mandar para o desemprego as pessoas que consomem havendo cada vez menos capacidade de compra dos produtos dos ricos...e assim sucessivamente, até que finalmente os governos decidem que o jogo foi longe de mais e criam Leis de Regulação...ou seja, incutem um medo superior ao de perder dinheiro...- o do castigo.

As alturas de crescimento, ocorrem após as crises, porque todo o sistema, depois de cair, vai tender novamente para o equilíbrio com os ricos sobreviventes a voltarem ao trabalho (aqueles que se lembram), com novos ricos a aparecer e com todos a trabalhar em conjunto para dinamizarem novas empresas que, (pensam eles) lhes darão cada vez mais lucros eternamente, o que acaba por promover novos empregos e logo mais consumo e logo mais lucro, até que, depois de uns aninhos, quando ninguém se lembrar do que levou à ultima crise, a ganância irá imperar e lá voltará mais uma crise.

No fundo, a economia não é mais do que um sistema natural ciclico, e pouco racional, de evolução natural e de criação de estruturas sociais. Por muito que o ser humano pretenda criar igualdades entre si, estas nunca existirão, simplesmente porque é impossível. Não existe no momento, uma estrutura social suficientemente racional para se criarem essas igualdades, porque, também no fundo, o Homem rege-se por instintos, sendo a ganância e a de ‘macho alfa’, dois dos que ainda estão muito latentes.

Pouco diferimos de grupos sociais como os dos chimpanzés, dos gorilas, ou mesmo de outro qualquer tipo de animal. É tudo apenas uma questão de ambiente e de nível.

Na verdade, e na minha opinião, é exactamente o sistema económico que determina e demonstra o quão longe ainda estamos de uma civilização verdadeiramente inteligente.

Começam, no entanto e na minha opinião, a surgir os primeiros sinais de uma nova perspectiva... que são resultantes desta coisa que é a Internet... através dela o comércio tal como é conhecido começa a desaparecer. E ao contrário do que muitos (ricos) pressupõem, o comércio electrónico não funciona da mesma maneira que o comércio das lojas.... na internet começa a ser possível conseguir-se adquirir ‘coisas’ gratuitamente e contra isso pouco ou nada as empresas podem fazer...aliás, as empresas começam é a oferecer coisas gratuitamente.

Para já, essas coisas apenas são os ‘memes’, ou seja, toda a informação escrita e sonora que antes apenas se poderia obter sobre suportes de papel ou sobre suportes físicos... música, livros, enciclopédias ou seja, conhecimento. E no mundo 'real' já são os pequenos gadgets aos quais, ao serem produzidos em massa, se consegue reduzir o preço de custo...telemoveis e Mp3...

Quem já percebeu isso foi a Google, que disponibiliza aplicações informáticas gratuitamente... mas só disponibilizam as aplicações com poucos ‘extras’. As completas têm de ser compradas... pelos ‘ricos’, ganhando assim a Google milhões. E porque é que os ricos as compram se podem as ter de graça ou outras mais baratas? Simplesmente pelos dois instintos predominantes de que falei acima: Ganância e obtenção de poder.

Simplesmente a Google percebeu a forma simples de retirar lucros da irracionalidade dos seres humanos, a qual (irracionalidade) é quanto maior quanto mais rico for o humano (generalizando). A Google ao destribuir gratuitamente aplicações diversas massificou-as, e ao faze-lo tornou-as no mainstream da industria. Ou seja, qual é a primeira reacção humana quando se tem muito dinheiro? Essa mesmo: ter a melhor versão do carro, ou neste caso, da aplicação, que a marca pode disponibilizar, para sermos melhores do que o nosso semelhante... Poder e Ganância.

Ou seja, a tendência vai de encontro a que os ‘ricos’ suportem os produtos mais simples e menos complexos dos ‘pobres’.... ou menos 'ricos', dependendo do alvo do produto.

E garantidamente a médio longo prazo (100/200 anos para ai) acabaremos por encontrar uma ‘economia’ diferente... como será?

Não sei, mas um destes dias vou-me pôr a imaginar como poderá existir um mundo à Star Trek, ou seja, em que o dinheiro não exista... mas será perfeito?

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