segunda-feira, 11 de maio de 2009

Gás Natural...tão natural como a sua sede...de vingança!!

Meus caros leitores, sejam vocês quem forem... eis-me de regresso a esta coisa de bloggar.

Após umas semanas verdadeiramente atribuladas, com uma mudança de casa pelo meio, imenso dinheiro mandado para o espaço, por causa de todas aquelas coisas que nos exigem, desde ligações de água, luz e gás (sendo esta ultima uma verdadeira dor de cabeça), a troca de fechaduras, limpezas, arrumações, blá, blá... após isso tudo vejo-me novamente a entrar na rotina diária que muito prezo... equilíbrio.

Entretanto coloco este post apenas para mudar o aspecto desta coisa, que andava imutável deste há quase um mês... mas, para que não fiquemos apenas por palavras sem sentido, deixo-vos com uma reclamação feita por moi même, relativa há empresa que monopoliza o mercado de distribuição do gás natural em Aveiro, que, por acaso é subsidiária da nossa grande empresa com ‘G’ grande que por si é monopolizadora da refinação de combustíveis fósseis no nosso querido País, e que, por isso, faz o que bem lhe apetece dos seus clientes...

Então vejam só o que me aconteceu...

Reclamação segue para:

L#####aGás

G#### E##### #####, AS

Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos

Direcção Geral do Consumidor

Razão da queixa:

Má informação, má prestação de serviço inicial, e resultantes atrasos na ligação e inspecção do serviço contratado, com onerações financeiras e sociais para o cliente.

Ex.mos Srs.:

Apresento a minha insatisfação relativa aos serviços da L######aGás, nomeadamente no que diz respeito a um novo contrato, com consequente ligação e reinspecção da instalação de gás no alojamento para onde me mudei no passado dia 1 de Maio.

Fui e sou cliente desta empresa no meu antigo apartamento (de que fui proprietário), sem nunca ter estado em falta para essa entidade e, sem ter qualquer tipo de reclamação quanto a esse serviço. Actualmente mantenho esse contrato activo até data a definir por troca com um possível novo utilizador do alojamento.

No entanto, por razões pessoais, fui obrigado a arrendar um apartamento em ##### - Aveiro, nunca fazendo prever os inconvenientes e transtornos sociais e financeiros que essa empresa agora me iria trazer.

No passado dia 20 de Abril pelas 09h00 desloquei-me à Loja do Cidadão em Aveiro, com a antecedência necessária, perdendo 1 hora de trabalho, para solicitar, junto da L######aGás a ligação de gás natural e consequente reinspecção da instalação de gás do novo apartamento, situado na Rua ############### r/c – L, 0000-000 Aveiro, e cujo contrato de arrendamento já se encontrava em meu poder.

Nesse dia, -20 de Abril -, e ao contrário do que sucedeu com os serviços de Água e Electricidade (que no dia seguinte estavam instalados) a funcionária de serviço informou que novos contratos só poderiam ser efectuados até 3 dias de antecedência ao inicio do contrato de arrendamento, neste caso 1 de Maio, uma vez que o anterior arrendatário não deu por terminado o seu contrato (como não o fez com os Serviços Municipalizados e com a EDP).

Portanto, teria de ser efectuado o contrato e solicitada a ligação e reinspecção no dia 28 de Abril.

A funcionária em causa garantiu a prestação do serviço no máximo de 3 dias úteis.

Com alguma margem de conhecimento dos serviços das entidades inspectoras e apesar da notória improbabilidade de se efectuar uma ligação em 3 dias úteis, mas não duvidando da eventual capacidade de organização da empresa prestadora de serviço, no dia 28 de Abril, perdendo mais 1 hora de trabalho, efectuei o contrato de prestação de serviço na referida Loja do Cidadão, sendo afirmado novamente, nessa altura e por outra funcionária, que a prestação do serviço se iria verificar no prazo de 3 dias úteis.

A ligação foi referenciada como urgente.

A verdade é que, no dia 4 de Maio, 4 dias úteis e uma semana depois de se ter procedido no dia 28 de Abril, na Loja do Cidadão, à celebração do novo contrato, conforme tinha sido predefinido por esses mesmos serviços em 20 de Abril, ainda não tinha havido qualquer intervenção ou contacto para a respectiva inspecção e ligação.

Antevendo um atraso normal, realizei uma ligação telefónica para o número 808 5### 3## (Atendimento Comercial da L#####aGás) por volta das 14h00, para determinar o estado de situação. Foi referido que tinha havido algumas situações que levaram a que o processo não tivesse o devido seguimento e que o mesmo iria ser tratado agora com a máxima urgência possível.

No dia 5, não tendo havido qualquer contacto em 24 horas, voltei a ligar para o mesmo número da L#######aGás pelas 14h00, e qual o meu espanto quando a operadora afirma que só na sexta-feira, dia 8, é que poderia fazer a marcação do serviço por disponibilidade de agenda, uma vez que provavelmente o meu processo tinha sido ultrapassado por outros.

Ora, estando a viver há 5 dias num alojamento que têm apenas aproximadamente 3 anos de existência, não podendo realizar qualquer tarefa que utilizasse gás, fosse cozinhar (e portanto, realizando refeições fora de casa com os respectivos custos financeiros associados) ou fosse realizar qualquer actividade de higiene pessoal com água quente, solicitei que a situação fosse desbloqueada o mais urgentemente possível, uma vez que tinha sido compromisso verbal da L######aGás realizar a ligação em 3 dias úteis.

A operadora solicitou a minha deslocação à Loja do Cidadão para tentar resolver a situação. Foi o que fiz ao final da tarde, tendo a necessidade, neste caso, de solicitar a colegas para me substituir nas horas extraordinárias necessárias à realização do meu trabalho.

Na loja foi-me confirmado que iriam fazer, apenas e só naquele momento, o agendamento para 6ª feira, dia 8 de Maio, entre as 14h00 e as 16h00, sendo inclusive necessária a minha presença no alojamento, pois não seria contactado da hora concreta de chegada da equipa de vistoria. Ou seja, teria de faltar mais 2 horas e meia ao trabalho (sendo meia hora perdida em deslocações).

Na sexta feira, dia 08, pelas 15h30, apareceram os inspectores para realizarem o seu trabalho... em 15 minutos... abriram a torneira do contador do gás, acenderam a placa e verificaram, com um medidor manual de CO se a ventilação do esquentador libertava esse gás na atmosfera da cozinha...este processo requereu 42 euros.

Portanto, e resumindo:

Pelos factos relatados, decorreram 19 dias entre a primeira tentativa de efectuar contrato com a L#####aGás (dia 20 de Abril) e a efectiva ligação de gás, sendo desses 19 dias, 7 em verdadeira vivência diária sem acesso a esse bem energético essencial, e porque, sublinho, tive o ‘cuidado’ de lembrar a empresa da urgência da prestação do serviço. Por outro lado, neste processo perdi 4 horas e meia de actividade profissional normal, mais 2 horas extras efectuadas por outras pessoas onerando-as em tempo extra de trabalho que deveria ser meu, mais os valores de refeições efectuadas fora de casa, mais o inconveniente de efectuar higiene pessoal com água fria...e por ultimo, pagando 42 euros para me abrirem a torneira do contador do gás, acenderem a placa e o esquentador verificando se este estava a libertar CO para a cozinha, com um medidor de mão, que apesar de caro, a este preço/tempo/inspecção, se paga numa tarde.


Lembro que, o apartamento em causa não permite a utilização de alternativa ao gás natural e, com muita pena minha, não posso sequer fazer ligações com botija de gás butano, pois o edifício não comporta esse tipo de ligações, uma vez que parece norma actualmente que os edifícios tenham que ser perfilados com instalação de gás natural ou outro, mas sem opção individual por fracção.

Não posso deixar de utilizar um certo sarcasmo, que advém da irritação que se acumula perante a incapacidade de encontrar alternativas para determinados serviços, ao afirmar que não estamos em situação de guerra ou perante uma outra qualquer crise social grave, o País não está na banca rota, não existe uma falta de combustíveis fosseis (para já), na verdade, não consigo perceber a razão de tal menosprezo de uma empresa perante os seus clientes, a não ser pela monopolização do mercado.

A verdade é que, não será só responsável por esta situação a L####aGás, como também as entidades inspectoras que, por um motivo completamente incompreensível, surgem como empresas independentes, sendo mais um elemento no sistema de distribuição de gás que vincula o consumidor final a elevadíssimos custos financeiros e sociais, ao não conseguirem realizar em tempo devido e de uma forma organizada as respectivas inspecções, que, arrisco-me a afirmar, muitas vezes até parecem duvidosas, conforme vão surgindo as diversas noticias de acidentes...e aliás, como foi observável.

Confesso que me senti (e ainda sinto) tentado a utilizar o velho dom português do ‘desenrasque’ fazendo ligações à minha maneira a botijas de gás butano, voltando atrás no tempo 20 a 30 anos, descorando a segurança que tanto se apregoa actualmente e pela qual se paga até 72 Euros (uma inspecção - 16% do salário mínimo nacional), mas por outro lado, e acima de tudo, conseguindo ter um certo grau de qualidade de vida exigível numa sociedade que cada vez mais exige dos seus intervenientes.

Parece-me ser essa a única alternativa para se ter a liberdade de escolha essencial numa sociedade que se diz democrática.

A monopolização de mercado seja de gás natural, ou seja de outro qualquer serviço que se possa designar de essencial – não luxo, é contraproducente em termos sociais (pelo mal estar criado pela situação), em termos de produtividade do País (pelas acumulação de horas de faltas ao trabalho que são dadas pelos clientes para resolver os problemas causados) e, em termos de segurança individual (promove atitudes de ‘desenrasque’), uma vez que coloca sobre total dependência o consumidor aos desígnios comerciais, e às politicas administrativas e financeiras que dai advêm, de algumas empresas.

Havendo esse monopólio, parece-me óbvio que é dever da empresa prestar o serviço em tempo útil, com a mínima oneração do cliente final. No entanto, não é isso que se verifica.

Felizmente uma das liberdades que me são conferidas constitucionalmente, e que ainda não me foi vedada, é a de poder exprimir o meu descontentamento. E posso afirmar que me sinto verdadeiramente frustado pela evolução que alguns serviços levaram nos últimos anos no nosso país, nomeadamente, aqueles que começam a colocar sobre dependência o cidadão comum aos virtuosismos das grandes empresas que detêm o monopólio de refinação e distribuição de energias fósseis, como este caso que apresento é apenas um muito pequeno exemplo.

Agradeço que façam seguir esta reclamação a quem de direito com o intuito de se tentar repensar alguns procedimentos administrativos de política empresarial, evitando que a situação relatada não se volte a repetir com outros consumidores.

Agradeço também uma informação para este e-mail ou para o contacto telefónico fornecido, para determinação do encaminhamento desta reclamação.

Muito obrigado"

E assim foi...

Agora com água quente para lavar os sovacos, espero que, com esta reclamação, não tenha o gás cortado dentro em breve.... vejamos o que irá acontecer.

Aconselho todos aqueles que sofreram, sofrem, ou venham a sofrer na pele algo idêntico ao que acabei de descrever, seja com o gás, a água, a luz, a gasolina, ou o que quer que seja, não hesitem....ponham-se a RECLAMAR É UM DIREITO QUE NOS ASSISTE....mas não reclamem por tudo e por nada não é???...

1 comentário:

cambridge disse...

ja mario soares dizia aos portugueses:

reclamem!
reclamem com respeito, mas reclamem.
eh um dever vosso...


mai nada