quarta-feira, 30 de setembro de 2009

...Questões de Trabalho... "Chefes"

Nunca chegaram um dia ao vosso local de trabalho e verificaram que o vosso chefe se tinha esquecido de tomar os seus medicamentos...??Não os Xanax, mas a Clorpromazina, a Carbamazepina e o Dissulfiram...

Nunca compreendi bem como, neste Pais, se atribui as competências a alguém para ser chefe. Aliás, a própria palavra ‘chefe’ sempre me trouxe à memória duas figuras bem definidas:

- Na industria, alguém com uma barriga enorme, com a camisa desapertada a verem-se os pêlos do peito ornamentados por uma corrente de 'oiro', e uma bigodaça bem farfalhuda.

- Na administração e serviços, alguém no outro extremo, um verdadeiro fuinha, tipo Montgomery Burns.

Em ambos destaca-se a unha do mindinho bem grande para limpar todas as cavidades existentes à superfície do corpo...e outras escondidas pelas banhas, no caso da primeira imagem, e debaixo das crostas, na segunda imagem... unha que serve também para desapertar parafusos....

O funcionário...

– “Óh chefe!!! Venha cá!!”

E o Chefe...

- “Manel!!! Manel!!! Manel!!! Não me ouves a chamar seu cara#$ho!!!!

- “Óh chefe, tem o telefone aí, bastava ligar para a minha extensão...”

As suas competências advieram da sua idade e não das suas qualidades para gerir... – “A idade é um posto!!” afirmam, convictos de que a idade lhes deu todas as capacidades necessárias para perceber o que são redes informáticas, ou até, de que se trata um e-mail... preferem enviar um faxe ... “porque os faxes tem sempre confirmação!!!”... o sentido de abstracção não é o seu forte e precisam de um papel na mão para sentirem o orgasmo proporcionado por uma confirmação....

Não sei porquê, ou se calhar até sei, grande parte dos ditos ‘chefes’ nacionais ainda vivem numa época de Estado Novo, de máquinas de escrever e Stencil, de grandes arquivos com milhões de pastas cheias de ofícios com 20 anos.... nunca se sabe, pode haver alguém que se lembre depois deste tempo todo de dizer que enviou a resposta por oficio há 20 anos atrás....

O seu comportamento para com as pessoas que trabalham com ele é frequentemente de um autoritarismo desmedido, roçando muitas vezes a malcriadez, e ultrapassando imensas vezes os níveis de sensatez.

Ainda utiliza o termo ‘Funcionário’ e não ‘Colaborador’ e esquece-se frequentemente que os ‘seus’ ‘funcionários’ são pessoas e não animais domésticos, sem perceber que se encontra em desvantagem numérica, nem que estaciona o seu carro no parque da empresa... é que nunca se sabe se um dia o ditado popular se coloca em acção: - “Cada um faz a cama em que se deita”.

Nos últimos 20 anos despontou, por seu lado, uma nova geração de ‘Chefes’ que já não se apelidam de ‘Chefes’ mas de Srs. Engs. ou Drs. isto e aquilo... serão melhores? Não me parece, e para dizer a verdade , nem é muito importante, pois a esses, o que importa é que todos saibam que andaram na Universidade a tirar um Curso... não interessa se o tiraram com mérito ou não, mas que têm um papel que lhes irá assegurar um ordenado melhor e, acima de tudo, uma posição que lhes irá permitir serem idolatrados pelos seus vizinhos e amigos, e também pelos seus (ainda) funcionários que, coitados, nunca tiveram a hipótese de tirar um curso.

Normalmente, são do PSD e gostam particularmente de enriquecer rapidamente utilizando para isso artifícios de contabilidade e desvios de dinheiro...

Felizmente, a 3ª geração pós 25 de Abril, já começa a perceber as vantagens de gerir pessoas, descendo a níveis idênticos...

Os ‘Chefes’ já começam a desaparecer, os ‘Srs. Eng. e Drs.’ ainda são muitos, mas começam a aparecer os ‘Pedro, João, Tó, Mário’ e outros assim, que continuam a ser Engs. e Drs. mas que deixam cair esse apêndice e não deixam de ser respeitados como ‘chefes’ por terem um nome igual ao dos seus colaboradores...

São essas as pessoas que quero nas empresas do nosso País... mas os 'funcionários' terão de criar mutações evolutivas que os levem a ser 'colaboradores', também...

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