sexta-feira, 19 de junho de 2009

Carros...e mais Carros Loucos!!!

Quem me conhece sabe que sou um tipo simples, e extremamente racional. E no que diz respeito a carros essa máxima é uma regra...ou quase...

Quem lê este blog, já deve se ter apercebido que conduzo um carro quase tão velho como eu. Um VW Polo de 1988, de 1050 cc, com 45 Cv. Aparentemente é um carrito mais potente pela força que aquele velho motor imprime na velha carcaça…mas a realidade é que não é.

Nos anos 70 e 80 do século passado (sim, tenho um carro do século passado, curtido!!) os carros eram bem mais leves, e por conseguinte motores menos potentes tinham uma relação peso/potência muito idêntica aos seus semelhantes actuais. Diria que um motor de 45 Cv desse Polo de 700 kg, é muito equivalente a um motor de, sei lá… 90 Cv num carro de 1100 Kg? Talvez nem tanto, mas anda lá perto.
Pelo menos, e em geral, os carros mais recentes e mais potentes (equivalentes modernos do meu Polo) que me têm passado pelas mãos desiludem-me um pouco em termos dinâmicos, quando comparados com o meu amigalhaço. Até porque aqueles sistemas todos de apoio à condução, desde a Direcção Assistida, passando pelo ABS (Anti-lock Breaking System) e pelo ESP (Electronic Stability Program), retiram o 'sal e a pimenta' à condução...deixamos de sentir o carro e os seus limites... tudo passa a ser 'camuflado' por cerebros electronicos...

O que quer dizer que, meter um motor de 1049 Cc com 85Cv num carro de 700 kg, como o Lancia Y 10 Turbo, era pura loucura...

Ok, podem me dizer que um carro daquela época não se compara aos actuais. Eu digo que sim, é verdade. E é verdade em muitas coisas, sendo que, na minha modesta opinião, apenas o conforto, a segurança e o nível ligeiramente mais reduzido de consumos e logo de emissões dos carros modernos, ultrapassam as virtudes dos carros antigos… para muitos isso é suficiente, mas para mim não é, nem de perto nem de longe.

Acontece que a Polo que conduzo (um motor a gasolina de 1050 Cc) tem ‘somente’ 300.000Km…não tem um consumo de óleo visível, (não chega a baixar 1/3 do nível entre as manutenções periódicas de 10.000Km), e ainda hoje faz auto-estradas de montanha a 140 km/h… gasto em manutenção por ano uma média muito inferior a 250 Euros, e apenas teve uma verdadeira avaria, que aconteceu à pouco tempo (vejam os
posts anteriores)…

Quanto a fiabilidade nada a dizer, quanto a gastos, nada a dizer também, pela reduzida manutenção e pelas médias mínimas de 5,3 L/100km, que já comprovei pessoalmente numa ida a Lisboa pela A1 a 90Km/hora, e máximos de média de 8,5 L/Km… emite 168 g/Km de Co2, o que não é nada mau para um carro de 1988, cujos parâmetros ecológicos eram muito avançados para a época. É uma carro que já tinha catalisador e consumia apenas gasolina sem chumbo 95 ou 98 de acordo com o que nos der na gana sem necessidade de afinações.

Antes de terminar de me continuar a babar com as ‘virtudes’ deste carro, deixo-vos ainda com 2 ou 3 pormenores fantásticos… apenas substitui nestes anos todos uma lâmpada de matricula, (e algumas dos faróis da frente pois não utilizo as das especificações originais – utilizo lâmpadas 90/100W). Existe uma chave de fendas que também é de estrelas com a qual consigo literalmente desmontar o interior do carro, substituir todas as lâmpadas e ainda verificar o desgaste dos pneus (a chave de fendas tem níveis para verificar o desgaste colocando-a nas fendas dos pneus).

Ou seja, este carro é verdadeiramente racional, só é pena ter 21 anos e não durar para sempre.

Mas, este post tem um outros objectivos…entre os quais, demonstrar que ainda hoje existem construtores que são revivalistas e saudosos do passado…e falo da Fiat e da Abarth… mas já lá vamos.

O meu carro de sonho não é só um, são vários, e se ganhasse o euromilhões esta semana ira certamente comprar um
Aston Martin Vantage V12, e um Land Rover Defender…com apenas dois carros se constroi uma personalidade… claro que depois para a familia teria de comprar uma 300 C Touring....

Mas como garantidamente não irei ganhar nada, poucos carros ao meu alcance me fascinam…e como tal fico-me pelo Polo, pois assim não me meto em prejuízos (comprar carro é sempre um prejuízo) desnecessários, sem retirar verdadeiros prazeres ao fazê-lo.

Mas de vez em quando surgem coisas que me fazem começar a pensar em por o Polo de lado…desta vez é o Fiat 500 Abarth, e ainda mais a sua versão – Esseesse…se não tivesse qualquer tipo de responsabilidade e vivesse ainda em casa dos meus pais, não teria qualquer dúvida em o adquirir…

Este carro é fascinante por variadíssimas razões, mas aquela que mais apelativa é, é a de reviver os anos 70 e 80 com os seus GT’s… lembram-se certamente do
Golf GTI MkI, do Renault 5 Turbo e do predecessor GT Turbo, ou dos Fiat Uno Turbo e Lancia Y 10 Turbo…ou mesmo do 205 GTI ou o melhor Turbo 16V…bem, que carros incríveis…verdadeiros cavalos selvagens à espera que alguém os domasse…aquela época era verdadeiramente louca…nada de ABS, de Airbags, ou mesmo direcção assistida, que só servem para perdermos a noção do medo e logo do perigo…só quem tinha barba rija é que domava aqueles pequenos bichos…

E foi exactamente isso que o 'Escorpião' da Abarth, no seu estilo louco inconfundível, voltou a fazer, agora com o 500… A Abarth está para a Fiat como a AMG para a Mercedes. São empresas satélite da casa mãe que têm por objectivo 'muscular' os carros originais da marca, tornando-os comerciaveis ao mesmo tempo. Mas se imagino os tipos da AMG a irem de gravatinha para o trabalho, e a trabalharem de luvas brancas, já os da Abarth imagino-os a ir de camisas de cavas, com a barba por fazer, cigarro no canto da boca e a beberem umas cervejolas enquanto trabalham todos borrados de oléo... e é esse o espirito selvagem que a Abarth incute nos carros de série da Fiat em que pega...

A a versão Abarth Esseesse do novo Fiat 500 é verdadeiramente louca!!! Estes tipos não foram pegar num carro grande de 1 ou 2 toneladas para fazerem o que todos fazem...espetar-lhe um motor v8 ou v12 e pô-lo a dar 250 Km/hora com um limitador electrónico... não, nada disso.

Estes tipo pegaram num pequeno motor 1.4 L de um Punto espetaram-lhe um turbo compressor e algumas modificações a nivel de compressão, filtros e electrónica, deram rigidez à suspensão, e colocaram tudo num pequenino carrinho de aproximadamente 900 Kg, que passou a contar com 160 Cv de potencia atingindo 220 Km/h!! E assim temos um Kart potentissimo para curtirmos nas estradas mais sinuosas...

Até os críticos mais incisivos dão a mão à palmatória, perante tal loucura metida num carrinho de brincar… vejam o filme do BBC Top Gear e apreciem como este carrinho dá a volta a um dos apresentadores mais rigorosos… e é Fiat…

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