sexta-feira, 14 de agosto de 2009

DISTRICT 9

O meu último post fazia referência a um short movie de Neill Blomkamp, que agora Peter Jackson transporta para longa-metragem:
District 9 ... D-9
Aproveitando a sua estreia mundial, hoje, dia 14 de Agosto, vou dissertar um pouco sobre a envolvênvia deste filme e de outros deste género.

Quem me conhece sabe que sou fã incondicional de ficção científica, mas só daquela que nos faz puxar pela cabeça e que contém precisões quer sociológicas, quer técnicas, quer biológicas. Não gosto de Flash Gordons ou homezinhos verdes... isso era quando era puto e curtia o Kit, ou Homem da Atlântida... fantasias puras, sem nenhuma base coerente científica e/ou social.

Mas, como é evidente e por definição, a qualquer tema de ficção científica estará associada a “ficção”... o não real.

Contudo, e também por definição, o Ser Humano é “sonhador”. E é a partir das proposições desses sonhos que atinge os seus objectivos tecnológicos. Aliás, existe um ditado que refere mais ao menos o seguinte:

“- Se a tecnologia o permite, o Homem irá o conseguir”.

E qual será uma das maneiras mais eficazes de imaginar novas tecnologias? Através da Ficção Científica.

Diria que quase todos os grandes cientistas têm como preferência este género literário. E são também inúmeros os cientistas e investigadores que se dedicam a este género de escrita.

Dou-vos 2 exemplos: Arthur C. Clark e Carl Sagan, com as suas obras 2001 A Space Odyssey e Contact, respectivamente. (em filmes, o 1º de Stanley Kubrick e o 2º de Robert Zemeckis).

Ambas as obras retratam não só utopias técnicas, mas também sociais.

E é isso que a (verdadeira) ficção científica tem de extraordinário. Reúne dois temas que acabam por ser indissociáveis criando as mais variadas teses sobre a condição humana e os possíveis caminhos que o Homem pode trilhar num qualquer futuro, e numa qualquer realidade alternativa.

Um dos casos mais extraordinários, é a da série televisiva Star Trek, que originou variações para outras séries sobre a mesma “realidade social”, proporcionando visões sobre vários grupos da mesma sociedade em diversas alturas temporais.

O que esta série tem de extraordinário, é a visão social de uma civilização humana que progrediu num sentido de exploração, em que o fundamento e objectivo primordial é o conhecimento. Uma civilização sem economia de escala, sem dinheiro, e em que a coexistência pacífica entre diversas raças é o mote e também a procura.

As questões técnicas são meramente cénicas. A tecnologia é uma situação adquirida, sendo a sociologia e as interacções sociais os temas maioritariamente abordados, criando-se analogias, alegorias e as inevitáveis críticas à sociedade ‘real’ onde vivemos.

As novas tecnologias que nos são apresentadas, acabam por surgir da necessidade social de uma civilização desse tipo, o que vai de encontro ao ditado que referi acima.

Um dos exemplos dessa tecnologia ‘utópica’ para o nosso tempo, mas existente no mundo futuro da Star Trek, é o replicador de alimentos. A base dessa tecnologia de sonho, está na descoberta do teletransporte... ao sermos capazes de dissolver uma estrutura atómica num local e voltarmos a reconstrui-la noutro local, exactamente como seria inicialmente, permitiria a ‘construção’, a partir de elementos atómicos básicos, de todo e qualquer tipo de alimento. Isso seria extraordinário e acabaria com inumeros problemas sociais e ambientais.

Na mesma ordem de ideias, seria possível eliminar qualquer tipo de enfermidade, ‘filtrando’ o nosso corpo por um teletransporte.

Seria o Santo Graal da tecnologia, que, a ser possível, estará a centenas de anos de distância. Mas é pelo sonho e pelas características fantásticas de uma tecnologia assim, que já existem experiências nesse sentido. Já foi possível ‘teletransportar’ luz...

Existem inúmeros destes exemplos, e nomes de tecnologias existentes na Star Trek, acabam por ser dados a tecnologias já reais, como é o caso da propulsão iónica.

Mas então e o District 9?

Bom, é mais um filme cheio de efeitos especiais incríveis, que retrata e critica a nossa sociedade, quando colocada perante um grupo de indivíduos diferentes. A ostracização desses indivíduos, e a forma como a diferença é tratada com agressividade, será o silogismo central da história. Sim, são extraterrestres com uma aparência horripilante, mas as suas motivações quais são? As motivações acabam por ser um aspecto secundário quando existe um grupo diferente do nosso. Talvez por isso a escolha da África do Sul, como cenário para esta longa metragem, o que vêm totalmente a propósito, face à sua história recente.

Vai certamente ser mais um bom filme ‘social’ onde poderemos ver e analisar os comportamentos dos opressores e dos oprimidos, e espelharmos esses mesmos comportamentos na sociedade Humana em que vivemos, muitas vezes reconhecendo-nos a nós próprios.

Não irei, garantidamente, faltar a este prometedor filme que tem a sua estreia marcada em Portugal para 24 de Setembro.

1 comentário:

johnnie walker disse...

Pois é. No meio de tanta trampa de filmes, é refrescante termos um filme que puxa pela cabeça e deixa o sabor de ser bom e de prometer muito. Espero que não dê um passo maior que a perna e não se meta com muita coisa. O conceito em si já chega para filosofar o bastante acerca de muitas situações presentes no nosso mundo humano.

É exactamente o conceito de Human Rights que me apaixonou neste filme que vem de uma curta metragem. Por isso mesmo é que tive o prazer de fazer uma referência a ele no meu blog (http://walkingincambridge.blogspot.com/2009/07/district-9.html) no dia 10 de Julho, tipo mais de um mês de ti...

AHAHAHAHAHAHAH

SOU MELHOR!!!

AHAHAHAHAHAHAHAH

Saudações Vulcânicas