quinta-feira, 24 de setembro de 2009

...PERSPECTIVAS PESSOAIS...



Tenho por hábito, descarregar palavras e mais palavras para o teclado quando começo a pensar em certas coisas...

Não gostaria de me estender nas palavras sobre este tema que surge depois de uma conversa, já por si longa, com uma amigalhaça de longa data.

Mas neste assunto em particular, não conseguirei transmitir a minha ideia sem me alargar um pouco...

Esta coisa das diferentes perspectivas pessoais, é uma daquelas questões que, se não for bem gerida, pode levar a situações de verdadeiras guerras... no limite.

Ao nível do indivíduo, as diferentes perspectivas de uma determinada situação levam por vezes a rupturas de relacionamentos, sejam eles de que tipo forem.

Em muitos casos são rupturas sem sentido, que poderiam ser evitadas se tivéssemos a suficiente capacidade de empatia, e também a percepção de que, a liberdade, os valores, regras e pensamentos individuais, estão sujeitos a alguns sacrifícios e cedências, para que possamos viver socialmente de uma forma equilibrada.

Trata-se de nos contextualizarmos nos comportamentos ditos normais do grupo em que estamos inseridos no momento.

No entanto, esse enquadramento é muitas vezes dificultado pela enorme diversidade de individuos e grupos, e dos respectivos pontos de vista de como devem ser esses tais comportamentos.

Por exemplo: Alguém, como eu, que olho a vida de uma forma pragmática e que tenho imensa dificuldade em perceber as necessidades religiosas e espirituais de outras pessoas... de repente, vejo-me no meio de um grupo social em que essas necessidades, por muito que me pareçam ‘falsas’, são consideradas uma das bases morais e éticas de todo um conjunto de comportamentos.... baptizados, comunhões, casamentos, funerais e idas à igreja semanalmente... não, definitivamente eu não comungo desse tipo de ideologias, mas... respeito e aceito que o façam, desde que haja reciprocidade na atitude empática.

Este é um exemplo, mas existem inúmeros grupos sociais que se enquadram em outras tantas perspectivas de normalidade e comportamentos.

No entanto, e por muito que possamos argumentar que o nosso ponto de vista é melhor do que o dos outros, existe algo a que não podemos escapar: a condição da natureza Humana.

Todas as perspectivas têm por base o grau zero, na minha opinião, o nosso genoma. E essa base biológica pode ser mais ou menos amplificada, reduzida, ou mesmo anulada, pela educação social imprint no cerne do individuo…


"Será preciso admitir que os homens não são homens fora do ambiente social, visto que aquilo que consideramos ser próprio deles, como o riso ou o sorriso, jamais ilumina o rosto das crianças isoladas."
Lucien Malson, "Les Enfants Sauvages"


Nada é mais verdade do que esta premissa evocada por Malson, no seu livro. Estes casos de crianças selvagens, cujo desenvolvimento se viu privado do contacto social Humano, têm um elevado interesse no estudo da natureza Humana. Elas revelam uma espécie de grau zero, sendo como um suporte sem nada escrito.

Esse suporte pode ser uma pedra irregular, ou um livro com folhas macias onde será impresso o que apreendemos do meio e das pessoas envolventes, com mais ou menos dificuldade.

No entanto, o suporte de base é idêntico em todos nós. Utilizei a analogia de uma pedra irregular e de um livro de folhas macias, mas, na realidade, as diferenças de suporte não serão tão extremas, diria mais que nos extremos existem livros de folhas recicladas e livros de folhas macias, diferenciando-se os livros talvez mais pela quantidade de folhas que contêm, (local onde serão impressos os valores morais e éticos, e toda a estrutura social apreendida), do que pela sua forma estrutural

A National Geographic patrocinou recentemente um dos estudos mais interessantes e completos quanto às diferenças do dito suporte humano.

Chama-se The Genographic Project e visa estabelecer as diferenças genéticas entre toda a população humana do planeta. As conclusões retiradas até agora são curiosas...

A diferença genética entre qualquer um de nós é menor do que 0,5% o que se revelou como prova da fragilidade da espécie nos seus primórdios. Aparentemente, entre os últimos 100.000 anos e 10.000 anos existiu ou existiram alturas em que éramos, ao todo, muito menos de 100.000 individuos.
Ou seja, por muito xenófobos que possamos ser quanto aos indivíduos diferentes, não podemos fugir há evidência física que somos, literalmente, todos primos afastados.

Significa isto também que, a nossa base comportamental genética não difere muito de uns para os outros.

E a bom da verdade é algo que não me surpreende face ao padrão comportamental no qual se podem observar as condutas inatas comuns a todos.

Como disse acima, isto dá azo a escrever volumes sobre a matéria. E não é isso que me proponho neste pequeno espaço, nem em outro lado qualquer, a bom da verdade.

O que pretendo demonstrar é que todos somos basicamente iguais ao nível dos comportamentos inatos. Dependendo do género masculino ou feminino, todos temos comportamentos basicamente iguais, sendo, os mesmos, apenas represados pelos imprints das regras morais e éticas, que podem ser mais ou menos vincadas nas folhas de papel do livro que somos.

Tudo isto para dizer apenas uma coisa de senso comum:

- Se és homem, não precisas de dizer aos sete ventos que não olhas e desejas sexualmente a mulher interessante que passa por ti e pela tua namorada quando passeiam na rua... porque é inevitavelmente mentira. Nem o próprio Papa pode afirmar isso, (aliás, quem conhece a biografia de João Paulo II irá aperceber-se facilmente disso) pois, nem que seja num nanosegundo, o teu instinto primário vai fazer com que essa ideia ocorra pelo teu pensamento... é inato ao homem (e a bom da verdade também à mulher).

- Se és mulher, terás de admitir que, sempre que o teu namorado olha para outra mulher, nem que seja ingenuamente, o ciúme irá percorrer o teu espírito...nem que seja num nanosegundo... é inato à mulher (e a bom da verdade também ao homem).

Não existe liberalismo que possa fugir ao ciúme, nem espírito religioso que fuja ao instinto de propagação dos genes…

E o que é verdade para os instintos de acasalamento, é verdade para os instintos de violência, para os de poder, para o egoísmo, no fundo, para todos os instintos e impulsos de sobrevivência, como qualquer um de nós pode observar em si próprio.

E para esconder esses impulsos dos outros indivíduos, existe a ‘mentira’, indissociável das regras morais e éticas, e sem ela seria impossível viver em sociedade....pensem nisso.

No meio disto tudo, como conseguimos nós então sobreviver socialmente?... é difícil, mas felizmente existe uma coisa que se chama ‘conversa’…e não só…existe também a razão.

Conversando conseguimos trocar ideias e pontos de vista contra-argumentando uns com os outros…mas, existe um senão…o Homem, como qualquer outro animal presumo eu, vive de instintos, e o instinto de auto-protecção física, ou ideológica no caso Humano, tende a que o equilíbrio numa conversa seja precário se o tom da contra-argumentação do nosso interlocutor for ameaçador ou irracional…

Uma das coisas de que já me percebi, é que a maior parte das pessoas não age, mas reage, propagando-se tal reacção num grupo como um incêndio sem controlo.

Reage aos estímulos exteriores, e no caso de interacções sociais, reage perante o comportamento do seu ou seus semelhantes. E isto é tanto mais verdade, quanto menos informação e conhecimentos gerais estiverem impressos no cerne de cada individuo.

Por isso, é normal que, uma conversa, com argumento e contra-argumentarmos colocados com extrema assertividade, acabe quase sempre numa espiral crescente de aumento do tom de voz de cada um dos interlocutores, sendo o inicio da agressividade fisica e podendo passar rápidamente à mesma se não refreada por barreiras etico-morais fortes (lembram-se das frequentes imagens de pancadaria nos parlamentos dos paises Asiáticos - Coreias, Malasias e outros??)

Mas se formos suficientemente racionais, é possível gerir uma conversa em nosso favor, fazendo cedências, mesmo que as mesmas não tenham grande importância para nós.
O simples facto de cedermos, tende a que a espiral seja em sentido inverso com a conversa a terminar em mútua concordância.

É por isso que se diz: ‘Falamos quando tivermos a cabeça fria…’

Pensem nestas ideias todas…

1 comentário:

johnnie walker disse...

tou a ver que andaste à batatada com malta...ahahahah..

eh de bom tom trazer connosco uma arma de lasers para aniquilar quem se oponha à nossa visão...

tenho dito!